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Artigo publicado na edição nº 8 de março de 2006.
Povoamento e colonização da Zona da Mata Mineira no século XVIII[*]

Fernando Gaudereto Lamas

O objetivo deste artigo é apontar e discutir algumas questões relativas à penetração e povoamento da atual Zona da Mata mineira. Não pretendemos esgotar o tema, uma vez que este requer ainda um esforço de pesquisa e de teorização muito grande. Temos a intenção apenas de levantar algumas questões relativas ao assunto, tão caro e tão carente na história brasileira e especialmente na história mineira.

Freqüentemente ouve-se que a história da Zona da Mata Mineira iniciou-se no século XIX, a partir da expansão cafeeira do Vale do Paraíba Fluminense. Isso decorre-se de uma interpretação que encarou a fase relativa ao século XVIII apenas como via de ligação, através do Caminho Novo, entre o porto do Rio de Janeiro e a região mineradora. Contudo, desde a primeira metade do setecentos a região foi não somente devassada como também podemos detectar os primórdios de um processo de colonização e povoamento que abriu espaços e gerou condições materiais para sua estruturação século XIX.

Antes de iniciarmos a análise histórica propriamente, faremos um rápido debate conceitual, pois acreditamos que procedendo desta maneira poderemos esclarecer melhor a intenção desse artigo.

Caio Prado Júnior, baseando-se em depoimento do Governador das Minas Luís da Cunha Meneses, afirmou que a Mata seria uma região fechada ao povoamento, não por falta de interesse português, mas para manter uma barreira natural aos descaminhos do ouro.[*1] Cunha Meneses provavelmente referia-se ao fato de não haver, já no último quartel do século XVIII, nenhuma vila erigida na região, uma vez que o conceito de civilização estava intimamente ligado ao de cidade.[*2] Evidentemente, o governador não ignorava o grande número de pousos, roças e sesmarias presentes, mas desconsiderava a presença destes como forma de povoamento.

Obviamente, não podemos falar em povoamento no sentido de criação de vilas no mesmo sentido em que se fala, por exemplo, na região propriamente mineradora. A atual Zona da Mata Mineira era denominada de Sertões do Leste.[*3] Uma definição do termo sertão encontra-se em Luís da Câmara Cascudo que, em seu “Dicionário do folclore brasileiro”, definiu sertão como sinônimo de interior e afirmou que “as tentativas para caracteriza-lo têm sido mais convencionais que reais”.[*4] Com uma definição mais precisa, Ângelo Carrara definiu o termo sertão como região pouco povoada, passando, portanto, a questão demográfica a determinar o uso da terminologia originalmente utilizada pelos paulistas como área perigosa e povoada exclusivamente por índios.[*5] Contudo, não podemos também deixar de mencionar que estas roças e pousos formados ao longo do Caminho Novo foram de importância ímpar para o processo de povoamento da Mata Mineira, uma vez que alteravam o meio ambiente por meio do trabalho, tanto para sustento próprio quanto para a comercialização, seja do espaço físico (acomodação de muares e de pessoas) seja de gêneros alimentícios (oferecidos aos transeuntes).

Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o fato de que a pequena presença do elemento branco na região, apontada por alguns autores como justificativa para considerar a área despovoada, não se sustenta, uma vez que, como mencionou Maria Odila Dias, nas Minas Setecentistas, durante as primeiras décadas do século XVIII, a população branca estimada era menor que a população indígena e negra.[*6]

A inserção ativa do homem em uma paisagem provoca, segundo Milton Santos, a transformação dos objetos pertencentes àquela paisagem; essa transformação não se constitui apenas em uma mudança de lugar, mas em uma mudança no valor simbólico do objeto, caracterizando, portanto, uma mudança de valor sistêmico.[*7] Essa transformação, apesar de lenta, é contumaz. Nesse contexto, as palavras de Fernand Braudel acerca da função da Geografia são esclarecedoras: “Em semejante contexto la geografia deja de ser um fin em si para convertirse em um médio; nos ayuda a recrear las más lentas de las realidades estructurales (...).”[*8]

Acompanhando a mesma discussão, porém com um enfoque um pouco distinto, o conceito de região caminha na mesma direção do conceito de transformação sistêmica proposto por Milton Santos. Em outro momento tivemos a oportunidade de discutir, mesmo que sumariamente, a questão relativa à ocupação econômica do espaço assim como a relação do conceito de região com a questão econômica quando afirmamos que:

A região é um quadro arbitrário, definido com propósitos políticos, econômicos ou administrativos. Sua identificação, delimitação e construção estão ligados a noção de diferenciação de áreas, ao reconhecimento de que o território é constituído por lugares com uma ampla diversidade de relações econômicas, sociais, naturais e políticas.

Este ponto é importante posto que retira do conceito de Região uma idéia de naturalidade – quer de área física, quer de cultura comum, quer de território – que chegou a influenciar e limitar a análise de geógrafos importantes como Vidal de La Blache.[*9]

Em outras palavras, a ação do homem sobre a região da Mata provocou uma alteração significativa da mesma. É incontestável que a área já era habitada por povos nativos, contudo, a ação colonizadora provocou uma redefinição dos significados, uma vez que há claras diferenças nas duas formas de agir sobre a paisagem. Partindo dessa análise acreditamos que a Zona da Mata Mineira, apesar de ainda não possuir esta designação, pode ser considerada mais do que uma mera área de interligação entre as Gerais e a capitania do Rio de Janeiro no século XVIII, pois já existia uma atividade econômica que a diferenciava da região mineradora, isto é, a atividade agrícola.

É bem verdade que a atividade agrícola e a atividade mercantil eram ainda muito insipientes se comparadas à região mineradora. Contudo, foi em torno desses pequenos núcleos que se desenvolveram, no século XIX, cidades como Juiz de Fora[*10] e Matias Barbosa. Logo, ignorar a presença daquele tipo de atividade econômica assim como a relevância destas para o povoamento e a conseqüente colonização da área é, em nosso entendimento, ignorar as raízes que caracterizam essencialmente qualquer tipo de povoamento e de colonização.

Podemos considerar, para melhor entendimento, duas fases no processo de colonização e povoamento da Zona da Mata Mineira. Uma iniciada na primeira metade do século XVIII e ligada à abertura do Caminho Novo, na região sul da Mata e outra que se iniciou na segunda metade do mesmo século, a partir da penetração na área central da Mata, localizada às margens do rio Pomba. Ambas possuem ligação, pois, a partir da primeira área, o Caminho Novo, partiu a expedição que deu origem à colonização da segunda área, o vale do rio Pomba.[*11] Segundo Mauro Luiz Senra Fernandes, a área mais fronteiriça ao Rio de Janeiro, e situada ao norte, foi colonizada somente a partir de fins do século XVIII e início do XIX.[*12]

A área sul da mata foi devassada por Garcia Rodrigues após ter pedido autorização ao rei português D. Pedro II para abrir uma nova rota em direção às Gerais em 1702. No ano de 1704 Garcia Rodrigues pediu auxílio à Coroa, pois havia, em suas palavras, gastado muitos cabedais e a ainda não havia concluído o caminho.[*13] O Caminho Novo do Rio de Janeiro, como ficou conhecido, foi concluído em 1709.[*14] Somente após o ano de 1720 passou à condição de rota principal entre o Rio de Janeiro e as Gerais.[*15]

Entretanto, o período que compreendeu os anos 1709-1720 não deixou de ser caracterizado por um povoamento primário, já que Garcia Rodrigues recebeu o direito de cobrar pela travessia dos rios Paraíba e Paraibuna. Mesmo sabendo que a área em que se estabeleceu o filho de Fernão Dias encontra-se atualmente no estado do Rio de Janeiro, não podemos descartar que a região da Mata também tenha sido povoada, uma vez que se estabeleceram roças e pousos, pois, mesmo tendo encurtado a viagem até a região mineradora, o percurso levava entre 10 e 15 dias.

Tal perspectiva é fundamentada pelas observações do jesuíta Antonil em seu livro “Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas”, datado de 1711. Este jesuíta destacou a presença de roças e pousos na área da Mata, sendo as principais: as roças de Simão Pereira, de Matias Barbosa e Bispo. Estas roças e pousos localizam-se onde hoje estão respectivamente as cidades de Simão Pereira, Matias Barbosa e Juiz de Fora.[*16]

Antes do período citado, encontramos evidências do início do povoamento e da colonização da atual Zona da Mata Mineira. Em três cartas de doação de sesmaria (sendo duas delas de 1708 e outra de 1710), percebemos essas evidências, pois, em todas, os sesmeiros pediam confirmação, uma vez que já estavam trabalhando a terra. Em uma delas, doada a Tomé Correa Vasquez[*17] isso ficou bem claro que se lê:

(...) ele tem um sítio no Caminho das Minas e quer manter a continuação dele e sustento de passageiros (...)”.[*18] Em outra carta de doação de sesmaria, esta ao Capitão-Mor José de Souza Fragoso, datada de 1710, lê-se que: “(...) ele suplicante tem escravos suficientes para poder cultivar as terras devolutas e mandar plantar mantimentos na forma em que S. Majestade manda (...)”[*19]

Em ambas as cartas fica claro que mesmo sendo menos usado que o antigo caminho para as Minas, a partir de Paraty, o Caminho Novo já era alvo de preocupações por parte da Coroa. E a principal preocupação era a ocupação da região, como ficou patente pelo conteúdo das cartas.

Vale ainda destacar a preocupação dos Governadores das Gerais em povoar a área do Caminho Novo na primeira metade do século XVIII. Existem cartas administrativas que mostram que, pelo menos desde a administração de D. Pedro de Almeida Portugal (1717-1720), o projeto de povoar com pousos, roças, ranchos e sesmarias a área próxima ao Caminho Novo estava diretamente relacionada com o projeto de diminuir os descaminhos do ouro. Isso explica o grande número de sesmarias concedidas na região durante as administrações de D. Antônio de Albuquerque (1721-1731) e Gomes Freire de Andrade (1733-1760).

Renato Pinto Venâncio, analisando o relato de Tavares de Brito, percebeu que, no ano de 1730, “o trecho entre a cidade do Rio de Janeiro e a região das minas encontrava-se bastante povoado”, pois “o viajante contava com dezenas de roças e rocinhas onde podia abastecer e descançar”.[*20] Esse relato coetâneo incluso no Códice Costa Matoso demonstra com bastante clareza o povoamento e a colonização inicial da Zona da Mata Mineira ainda na primeira metade do século XVIII. Muitas das roças e rocinhas a que se referiu Tavares de Brito foram sesmarias concedidas nas décadas de 1710 e 1720 conforme analisado anteriormente.

Podemos considerar como data inicial do segundo momento de ocupação e colonização da Mata Mineira o ano de 1750, quando uma expedição liderada pelo sertanista Inácio de Andrade Ribeiro, partindo de Ouro Preto alcançou a área próxima ao rio Coroados, afluente do rio Pomba.[*21] Os contatos iniciais com os indígenas locais foram marcados por ríspidos conflitos. Esses habitantes estabeleceram-se na Mata após o início da colonização do Rio de Janeiro; em outras palavras, fugiam dos contatos com os “homens brancos”.[*22] Apesar de encontrar forte resistência indígena o sertanejo estabeleceu um posto avançado na Serra das Mercês, conjunto de montanhas pertencentes à Serra da Mantiqueira, nas proximidades da atual cidade de Mercês.[*23]

Em 1757, após mais algumas expedições fracassadas, o capitão Francisco Pires Farinho conseguiu se aproximar dos índios coroados e coropós que habitavam a região do rio Pomba iniciando um relacionamento mais amistoso e menos violento entre brancos e índios.[*24] O sucesso de Francisco Pires Farinho possibilitou que em 1764 fosse criada, pelo então governador da capitania das Minas Gerais, Luís Diogo Lobo da Silva, a Freguesia do Mártir São Manoel do Rio da Pomba e Peixe dos Índios Coroados e Coropós. Contudo, somente com a chegada do padre Manoel de Jesus Maria à região, em 1767, foram construídas as primeiras casas que deram origem ao aldeamento, com fins evangelizadores, na área onde hoje se localiza a cidade de Rio Pomba.[*25]

A ação do padre Manoel de Jesus Maria referenda a visão exposta por José Ferreira Carrato, que afirmou ter ocorrido uma ação evangelizadora na capitania de Minas Gerais na segunda metade do século XVIII, tal como ocorreu nas capitanias do Rio de Janeiro e de São Paulo ao longo dos séculos XVI e XVII.[*26]

Freqüentemente, as análises da ação missionária do padre Jesus Maria caminham para uma ação isolada, sem a presença de contingentes de brancos e negros escravizados no aldeamento criado pelo padre em questão. Entretanto, analisando o livro de registro de batismos percebemos que entre oito de novembro de 1767 e sete de janeiro de 1772 foram realizados aproximadamente 100 batismos na Freguesia de Rio Pomba, sendo que 95 de indígenas, 2 de escravos e 3 de brancos que seguiram junto com o padre para a colonização da região.[*27] O capitão Francisco Pires Farinho apareceu algumas vezes como padrinho de indígenas convertidos à fé católica.[*28]

O fato de encontrarmos escravos e brancos sendo batizados na Freguesia de Rio Pomba é indicativo da intenção colonizadora da região, extrapolando, portanto, a característica exclusiva de missão ou aldeamento como foi normalmente definido por muitos historiadores.

O adensamento populacional pode ser acompanhado também pelo livro de registro de batismos da Freguesia de Rio Pomba. Segundo Ângelo Alves Carrara a população de Rio Pomba saltou de 1.179 almas de confissão em 1780 para 4.815 em 1800,[*29] o que corresponde a um aumento de mais de 400% em 20 anos. Não acreditamos que este aumento se deva exclusivamente à incorporação de indígenas, apesar de não podermos ignorar este fato. Contudo, a imigração oriunda da região mineradora também deve ser levada em conta.[*30]

Tais fatos corroboram a análise de Ângelo Carrara. Este autor, analisando os registros de compra e venda de propriedades ao longo do vale do rio Pomba, concluiu que:

O movimento mais intenso de ocupação das terras ‘serra abaixo’, isto é, desde a região de altitudes maiores – contrafortes das serras da Mantiqueira e do Espinhaço – para uma região mais baixa e de relevo mamelonar característico do vale do rio Pomba, começou a tornar-se perceptível a partir do final do século XVIII, considerando-se o número de escrituras de compra e venda de propriedades rurais situadas nessa região.[*31]

A chegada do elemento branco nas terras baixas situadas ao longo do Vale do rio Pomba na segunda metade do século XVIII é indicativo tanto da queda da atividade mineradora quanto da diversificação econômica da região. Um pouco acima da sede da Freguesia de Rio Pomba, Ângelo Carrara encontrou um registro de venda de sesmaria situada às margens do rio Xopotó,[*32] datada de 1775. Segundo Carrara, a sesmaria possuía: 43 escravos, ferramenta de roça e lavra, carros e cangas, tachos de cobre, gado vacum, porcos além de fumo, provavelmente da safra do ano anterior, “casas, paiol e senzalas cobertas de telhas, ranchos, moinho e monjolo de socar milho cobertos de capim”.[*33] Uma sesmaria dessa magnitude não poderia ser construída do dia para a noite.

Há indícios de que ela remonta alguns anos antes da década de 1770, pois havia até mesmo fumo proveniente da safra do ano anterior além de milho. Se por um lado o milho é um cereal de fácil carregamento e de produção rápida, o mesmo não podemos dizer em relação ao fumo. Segundo João Antônio de Paula, a plantação de tabaco requeria “adubação e cuidados especiais por parte de seus cultivadores”, pois necessitava de um solo extremamente fértil, exigindo, portanto, maiores cuidados que o milho e o feijão.[*34]

O fato do documento em questão mencionar a presença de gado vacum caracteriza bem a produção de fumo colonial, pois segundo Alice Cannabrava era comum plantar o fumo em currais, uma vez que desta maneira a adubação fazia sem muito esforço.[*35] Os 43 escravos mencionados, seguindo o raciocínio de Alice Cannabrava, poderiam ser utilizados na fase final do processo que incluía “torcer e enrolar em corda as folhas já curadas, seguido da cura das cordas que demorava de 15 a 20 dias”. Este trabalho era “reservado sempre para os escravos”.[*36]

Além do cultivo, o tabaco exigia um árduo trabalho no cuidado com pragas (larvas, formigas e pulgões) e no preparo da planta para consumo, segundo relatou minuciosamente o jesuíta Antonil.[*37] Devemos também levar em consideração a importância do tabaco para a economia colonial, não somente em função do seu largo uso, especialmente como rapé, mas para a compra de escravos no comércio atlântico realizado com a África.[*38]

Analisando outros aspectos do documento mencionado por Ângelo Carrara podemos vislumbrar o tamanho da sesmaria e a sua importância econômica. Se a criação de porcos não demandava muito espaço e nem terras apropriadas, a criação de gado vacum é indicativa, não só do tamanho da propriedade como também da diversificação das atividades criatórias nas Minas Gerais Setecentistas. Renato Pinto Venâncio faz menção da criação e venda de gado vacum proveniente da Zona da Mata Mineira para a região de Ouro Preto.[*39]

Tais fatos demonstram que o processo de colonização e povoamento do vale do rio Pomba e de suas áreas adjacentes que englobam a região central da Zona da Mata Mineira iniciou-se quase que concomitantemente com o processo de catequese dos indígenas locais. Indo mais longe ainda, podemos dizer que a catequese dos habitantes originais teve como objetivo a pacificação dos mesmos para a inserção da Zona da Mata Mineira na economia colonial, uma vez que a mineração, atividade principal da capitania desde o final do século XVII, encontrava-se em franco declínio.

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Mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), professor da Faculdade de História das Faculdades Integradas de Cataguases (FIC) da Faculdade de Minas (FAMINAS) em Muriaé.
Gostaríamos de agradecer a ajuda do pesquisador do Museu Histórico de Rio Pomba Assueros e de seu Diretor, Silvio Caiafa Mendonça para a elaboração desse artigo.
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000, p. 71.
Cf. o comentário de HOLANDA, Sérgio Buarque de. Sobre uma doença infantil da historiografia. In: _____ Para uma nova História (textos de Sérgio Buarque de Holanda). Org.: Marcos Costa. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004, p. 120.
Cf. MERCADANTE, Paulo. Os sertões do leste. Estudo de uma região: a Mata Mineira. Rio de Janeiro: Zahar, 1973, especialmente os capítulos 1, 2 e 3, pp. 15-52. Cf. também os mapas e o estudo demográfico sobre as Minas Setecentistas de CUNHA, Alexandre Mendes & GODOY, Marcelo Magalhães. O espaço das Minas Gerais: processos de diferenciação econômico-espacial e regionalização nos século XVIII e XIX. In: Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica e 6º Conferência Internacional de História de Empresas. Caxambu: ABPHE, cinco a sete de setembro de 2003, p. 36.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro Vol. 2. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969, p. 620.
CARRARA, Ângelo Alves. Agricultura e pecuária na Capitania de Minas Gerais (1674-1807). Tese de doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ. 1997, pp. 47-49.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Sertões do rio das Velhas e das Gerais: vida social numa frente de povoamento – 1710-1730. In: FURTADO, Júnia Ferreira. Erário Mineral de Luís Gomes Ferreira. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Fundação João Pinheiro; Fundação Oswaldo Cruz, 2002, p. 49.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e emoção. 4º ed. São Paulo: EDUSP, 2004, p. 103.
BRAUDEL, Fernand. El Mediterráneo y el mundo mediterráneo en la época de Felipe II Vol. 1. Traducción de Mario Monteforte Toledo, Wnceslao Roces y Vicente Simón. 2º ed. 2º reimpresión, México, D.F.: Fondo de Cultura Economica, 1987, p. 27. Cf. Também o que diz a respeito MORAES, Antônio Carlos Robert. Bases da Formação Territorial do Brasil: o território colonial brasileiro no “longo” século XVI. (Doutorado). São Paulo: FFLCH/USP, 1991. p., 8.
ALMICO, Rita; LAMAS, Fernando & SARAIVA, Luiz Fernando. A Zona da Mata Mineira: subsídios para uma historiografia. In: V Congresso Brasileiro de História Econômica e 6º Conferência Internacional de História de Empresas. Caxambu: ABPHE, sete a dez de setembro de 2003. p. 3.
SANTIAGO, Sinval Batista. Juiz de Fora à luz da História e dos documentos. In: Revista do Instituto Histórico Geográfico de Juiz de Fora. ANO VIII, nº 8, dezembro de 1979.
Ambas as regiões integram a área da bacia do rio Paraíba, pois o Pomba e o Paraibuna juntamente com o Muriaé são seus principais afluentes.
FERNANDES, Mauro Luiz Senra. Famílias que povoaram a Zona da Mata Mineira Vol. 1. 2° ed. Além Paraíba: Casa Cruzeiro Papelaria e Tipografia Ltda. 2004, p. 13.
Durante muito tempo a historiografia tradicional considerou Garcia Rodrigues o “construtor” do Caminho Novo. Hoje já se sabe o bandeirante paulista seguiu antigas rotas indígenas. Cf. Apontamentos para a história de Matias Barbosa. 3º edição. Juiz de Fora: Esdeva. 1998. Cf. também o que diz VENÂNCIO, Renato Pinto. Caminho Novo: a longa duração. In: Varia História. Departamento de História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Belo Horizonte: UFMG, nº 21, jul. 1999, p. 182.
BASTOS, Wilson de Lima. Do Caminho Novo dos campos Gerais à atual BR. Juiz de Fora: Edições Paraibuna.
MARTNIÈRE, Guy. A implantação das estruturas de Portugal na América. In: SERRÃO, Joel & MARQUES, A. H. de Oliveira (org.). Nova história da expansão portuguesa. Vol. VII O Império luso-brasileiro (1620-1750). (coordenação: Frédéric Mauro). Lisboa: Estampa, 1991, p. 162.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. (organização e introdução histórica: Alice Canabrava). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967, p. 289.
Tomé Correia Vasquez era casado com uma das filhas de Garcia Rodrigues Paes, considerado o homem que abriu o Caminho Novo. Cf. SANTIAGO, Sinval Batista. Juiz de Fora à luz da História e dos documentos. In: Revista do Instituto Histórico Geográfico de Juiz de Fora. ANO VIII, nº 8, dezembro de 1979, p. 24.
Sesmaria doada a Tomé Correia Vasquez. In: Revista do Instituto Histórico Geográfico de Juiz de Fora. ANO IX, nº 9, fevereiro de 1985, p. 8.
Sesmaria doada ao Capitão-mor José de Souza Fragoso. In: Idem, p. 11.
VENÂNCIO, Renato Pinto. Op. cit. p. 185.
Acreditamos que Inácio de Andrade Ribeiro saiu de Ouro Preto e seguiu até a Borda do Campo (nas proximidades da atual Barbacena) e daí atingiu a serra das mercês (atual cidade de Mercês), uma vez que há uma proximidade razoável entre estas duas cidades.
Cf o trabalho de MARCATO, Sônia de Almeida. A repressão contra os botocudos em Minas Gerais. In: Boletim do Museu do Índio – Etnografia. N° 1, maio, 1979, pp, 4-5.
SANTIAGO, Sinval. História do município de Rio Pomba: síntese histórica. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1991. p. 39.
Se os conflitos diminuíram na área do vale do rio Pomba o mesmo não se pode dizer de outras regiões dentro da Zona da Mata. Cf. VENÂNCIO, Renato Pinto. Comércio e fronteira em Minas colonial. In: FURTADO, Júnia Ferreira (org.). Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império Ultramarino Português. Belo Horizonte: EdUFMG, 2001, p. 187.
Ibidem. pp. 39-45.
CARRATO, José Ferreira. Igreja, iluminismo e escolas mineiras coloniais. São Paulo: Companhia Editora Nacional: EDUSP. 1968, p. 73.
Livro de Registro de Batismos da Freguesia de Rio Pomba. Livro nº 1. fl. 1-20. Os livros estão sob custódia da Igreja Matriz de São Manuel, na cidade de Rio Pomba.
BOSCHI, Caio. As missões no Brasil. In: BITHENCOURT, Francisco & CHAUDHURI, Kirti. História da expansão portuguesa Vol. II: do Índico ao Atlântico (1570-1697). S. l.: Círculo de Leitores, pp.394-396.
CARRARA, Ângelo Alves. Estruturas agrárias e capitalismo: contribuição para o estudo da ocupação do solo e da transformação do trabalho na Zona da Mata Mineira (séculos XVIII e XIX). Departamento de História, Núcleo de História Econômica e Demográfica. Série Estudos, nº 2, Mariana: UFOP, 1999, p. 16.
Esse aceleramento da migração rumo às terras baixas da Zona da Mata Mineira levou muitos historiadores a concluírem que a região foi povoada somente após o declínio da atividade de minerador. Cf. PRADO Jr. Op. cit. pp. 71-72.
CARRARA, Ângelo Alves. Op. cit. p. 30.
Este rio, com nascente também na Serra da Mantiqueira, localiza-se um pouco mais ao norte do rio Pomba, ainda na Zona da Mata Mineira e é afluente do rio Piranga.
CARRARA, Ângelo Alves. Op. cit. pp. 30-31.
PAULA, João Antônio de. O Prometeu desacorrentado: economia e sociedade da capitania das Minas dos Matos Gerais. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 1988, pp. 265-274. Ainda sobre a difusão e o uso do tabaco na sociedade brasileira cf. DORNAS FILHO, João. Aspectos da economia colonial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1958, pp. 229-250.
CANNABRAVA, Alice. A grande propriedade rural. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. História geral da civilização brasileira. Tomo I, Vol. 2, São Paulo: DIFEL, 1960, p. 212.
Idem, p. 213.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Introdução e vocabulário: Alice Canabrava. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967, pp. 237-246.
Roberto Simonsen avaliou as seguintes quantidades de arrobas de fumo exportadas durante o século XVIII: 1757 = 248.702 arrobas; entre 1761 e 1763 = 248.197 arrobas, sendo 185.000 para a África e 56.500 para Lisboa; 1767 = 209.245 arrobas. O jesuíta André João Antonil estimou como preço médio do valor de um rolo de oito arrobas na alfândega da Bahia para a cidade de Lisboa a quantia de 12$124. Ambas as citações mostram-nos o quanto era importante a cultura do fumo durante o período colonial, particularmente ao longo dos Setecentos. Cf. SIMONSEN, Roberto. História econômica do Brasil (1500-1820). 8º ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, p. 368. ANTONIL, André João. Op. cit. p. 250
VENÂNCIO, Renato Pinto. Comércio e fronteira em Minas colonial. In: FURTADO, Júnia Ferreira (org.). Op. cit., p. 187.