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Artigo publicado na edição nº 15 de outubro de 2006.
Fontes para a História da Imprensa Católica Popular no Brasil: A Revista Ave Maria

Marcos Gonçalves

A revista Ave Maria no contexto da imprensa católica popular

Nas reflexões sobre o processo de “construção institucional”[*1] da Igreja católica nos primórdios da era republicana no Brasil, não há como renunciar ao trabalho de redescoberta do papel que desempenha a imprensa confessional. Assim como não se cogita um esgotamento historiográfico acerca da compreensão da performance do catolicismo que desperta para o século XX, esse entendimento não pode prescindir do debate afeto aos múltiplos mecanismos de propaganda que garantem à Igreja católica a visibilidade no mundo social. Lembro que o levantamento mais geral de registros históricos que fornecem dados sobre a comunicação social católica, como realizado por Lustosa e Ana Maria Rodrigues (1983; 1981), representou uma abertura positiva de fronteiras e inspiração para pesquisadores de inúmeros ramos disciplinares das ciências humanas. Nesse caso, a tarefa de reunir, comentar, criticar e publicar textos da intelligentsia católica é imprescindível para a apreensão dos nexos em que se organiza a relação entre imprensa católica e sociedade. De outro modo, no interior da relação, defendo a evolução do tema para abordagens mais sistemáticas, específicas, onde se recuperem em suas filigranas, as possibilidades de variações do pensamento de grupos de pressão católicos situados em diferentes lugares da imprensa. Nessa linha de análise, remeto, à guisa de exemplo, à densidade de investigações germinadas ainda nas décadas de 1970-80,[*2] como aos trabalhos mais recentes de Cláudio Aguiar Almeida e Cândido Moreira Rodrigues (2002; 2006), em cuja problematização o catolicismo aparece, ou reaparece, como fato cultural e político, integrado ao contexto sóciohistórico, e não apenas como substrato teológico inalcançável para leigos, ou como algo infenso ao conflito social.

De fato, o fim do Império e a separação de Estado e Igreja em 1890[*3] estabeleceram para a hierarquia católica brasileira a necessidade de elaborar um projeto claro de auto-representação e uma decisiva tomada de posição quanto à dimensão religiosa e política de sua atuação. O investimento em possíveis áreas de construção de uma política autônoma e a conservação da hegemonia da Igreja católica eram manifestados na emblemática Pastoral Coletiva dos Bispos do Brasil de 19 de março de 1890.[*4] Ali, também foi exposta a condição de desenvolver e difundir a “boa imprensa”, como um meio de atalhar quanto possível “os estragos da imprensa ímpia”.[*5] Nesse contexto, começaram a proliferar periódicos católicos em várias paróquias e dioceses do Brasil, legitimados e incentivados por diversas pastorais dos bispos brasileiros. A revista Ave Maria[*6] é fruto desse projeto de expansão da imprensa católica, cuja principal característica nas primeiras décadas após a publicação da Pastoral de 1890, foi a efemeridade. Nos primeiros tempos, a AM encarnava muitos dos dilemas mais ou menos comuns a toda a imprensa católica e que comprometiam sua existência e continuidade: carência de recursos, crises periódicas no fornecimento de matéria-prima, manutenção de clientela, competição com a imprensa laica, aceitação institucional, etc. No entanto, distintamente das congêneres, a AM discrepou da tendência geral e, a partir do seu aparecimento, malgrado uma série de dificuldades, demonstrou vitalidade particular e circula até os dias de hoje dentro de periodicidade mensal.

A AM foi fundada na cidade de São Paulo em 28 de maio de 1898 pelos leigos Tiburtino Mondim e Maria Junker Alves. Ela está enquadrada como uma revista católica mariana popular, constituindo-se dentro dessa classificação na mais antiga do Brasil. O título da revista é uma referência necessária ao culto de Maria, e foi escolhido para “atrair a simpatia dos bons católicos”, ao tempo em que “parecia decrescer a religião mediante as leis fatídicas do ateísmo oficial”.[*7] Em linhas gerais, Marcucci e Rum (1995, p. 620-5), estabelecem uma divisão em três categorias para a imprensa periódica mariana ou para as publicações marianas: publicações científicas, pastorais e populares. Qual seria o papel da imprensa popular mariana, sem ficar, é claro, restrita a isso? No plano religioso, tem na difusão da figura de Maria, ou no culto ao coração de Maria, uma das principais alavancas de propaganda. Difunde a piedade, a devoção, as energias emotivas católicas e as simbologias subjacentes à amplitude do fenômeno mariano, que se configura com elevado potencial simbólico para sensibilizar as massas. Quanto às características técnicas, geralmente uma revista mariana popular obedece ao formato 18 x 24 cm; tem, em média, 16 páginas, e opta, não exclusivamente, por uma política de assinaturas familiares, com sua freqüência podendo variar de semanal a quinzenal e mensal.

Outros elementos contidos em uma revista mariana, e mais especificamente, na AM, era exibir a preocupação constante com temas de conteúdo social e moral, que tendiam a encobrir o evidente interesse pela política. Ao discutir apologética, aparecia sua função de grupo de pressão sempre com um olhar para a realidade histórica e outro olhar em sinergia com a política eclesiástica. Como dados recorrentes, apresentava a produção de uma teologia não complexa para consumo de leitores, e formas de captação de recursos que concorreram para intensificar os componentes devocionais da relação entre o fiel e o culto à Maria.

Na primeira década de existência, mesmo com recursos humanos e técnicos limitados, a AM expandiu sua comunidade de leitores e alcançou maior penetração geográfica por meio de uma política agressiva de assinaturas e métodos que favoreciam o acréscimo de recursos, com esmerado trabalho cultural que visava atingir a sensibilidade devocional do leitor. No décimo aniversário de circulação, a AM ostentava a marca de dez mil assinantes, e, transpondo os limites do estado de São Paulo, era recebida em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás. Antes de tudo, era uma revista de propaganda religiosa preocupada em submeter suas afirmações, “seus conselhos e apreciações ao juízo competente dos prelados da Igreja e à sábia orientação dos superiores religiosos e eclesiásticos”.[*8] Tais fatores conferiam a legitimidade requerida junto à hierarquia e impulsionavam o projeto de reabilitação pelo qual se julgava. Assim, embora sempre vista como centro dinâmico ou vértice do catolicismo institucional no Brasil, a hierarquia não poderia lograr êxito sem o apoio explícito da demografia de fiéis “desde abajo”.[*9] A imprensa católica popular fez esse papel, e, neste caso, a AM foi um dos esteios doutrinários para fundar os vínculos de lealdade das camadas populares com a religião institucional. No entanto, a tentativa de construção desses laços não seria possível sem a assunção da revista pela Congregação dos Missionários Filhos do Coração de Maria, a partir de 1899. Procuro destacar em breves linhas qual a importância dessa ordem religiosa para o desenvolvimento da AM, e mesmo, quais os novos enfoques editoriais propostos em uma publicação católica popular, sob a perspectiva dos padres “claretianos”.

Os padres claretianos: “cristais de massa” da imprensa católica popular

De freqüência quinzenal nos primeiros meses, a tiragem da AM não ultrapassava trezentos exemplares. Em junho de 1899, após uma suspensão de dois meses em sua circulação, a direção da AM foi transferida aos padres da Congregação dos Missionários Filhos do Coração de Maria (CMF) - ordem religiosa fundada na Espanha pelo catalão Antonio Maria Claret em 1849, e chegada ao Brasil em 1895. A mudança administrativa esteve associada ao aparecimento, em agosto de 1899, da Arquiconfraria do Coração de Maria na capital paulista, e mais importante, aos novos enfoques editoriais e operacionais desenvolvidos pelos padres da Congregação. Se o primeiro episódio propiciou um estímulo imediato de intensa propaganda para que a revista pudesse subsistir, o controle assumido pelos padres claretianos inscreveu-se num quadro histórico mais ousado e abrangente. Isto porque a ordem dos claretianos estava em sintonia com uma dupla política: disseminação de um amplo esquema, cujo fundo comum era a reespiritualização da sociedade em bases católicas, em parceria com a expansão da imprensa católica, sem a qual, a primeira política estaria órfã de um estatuto organizativo e de uma base sólida de amplificação do seu discurso. A AM foi uma tribuna original para esse projeto. Os modelos essenciais e inspiradores para a divulgação da revista AM foram, sem dúvida, amparados nos procedimentos administrativos empreendidos pelo fundador da ordem claretiana, Antonio Maria Claret.[*10] Pregador, místico, prosélito, escritor fecundo, o padre Claret foi um dos religiosos no século XIX que mais impulsionou a difusão da imprensa católica durante a segunda metade da centúria. Como escritor católico, destaca-se como um dos primeiros a descobrir o alcance mais amplo e a incidência mais profunda que podia ter a palavra escrita sobre a falada (LOZANO, 1985, p. 127). Fundou a Hermandad espiritual de buenos libros, e, em dezembro de 1848, na cidade de Barcelona, a Libreria Religiosa, desdobrando, segundo Lozano (1963, p. 280), sua vocação apostólica de missionário e escritor. Claret soube perceber as vantagens da imprensa sobre a predicação, porque não via como dissociar a palavra escrita expandida de uma sustentação que aliasse técnicas de difusão moderna e em condições de competir com a imprensa “ímpia”. Esse argumento apóia-se sobre as estimativas informadas por Papàsogli e Stano. No primeiro ano de sua atividade, a Libreria Religiosa ofereceu ao público cento e vinte e sete mil volumes dos chamados avisos,[*11] catecismos e livros de oração. Até o final de 1849, a sede da Libreria foi transferida para a via Aviñó, “la migliore di Barcelona”, e adquiriu em Paris a mais perfeita rotativa de impressão existente naquele tempo. Em 1850 foram duzentos mil volumes distribuídos e nos primeiros dezenove anos de funcionamento da Libreria os volumes distribuídos ascenderam à cifra de nove milhões e quinhentos e sessenta e oito mil (PAPÀSOGLI; STANO, 1983, p. 183-5).

Se no plano prático, os claretianos que administram a AM desenvolvem uma ação voltada para a exteriorização da religião católica utilizando a revista como ponta de lança, no plano teórico, a AM se apresenta, por seus instituídos, como um “cristal de massa”.[*12] Ao trabalhar habilmente nos limites entre a dimensão sacramental e a devocional, a AM, como cristal de massa, procura persuadir o fiel a seguir práticas ortodoxas. Esse tangenciamento evita esbarrar na religiosidade popular, ao mesmo tempo em que garante, em tese, a adesão das massas (dez mil famílias assinantes em 1910, trinta mil famílias assinantes na década de 1930 e cinqüenta mil famílias na década de 1950), no caminho de uma fé íntegra. O catolicismo veiculado pela AM nas primeiras décadas do século XX tem a ver com uma recusa e uma condenação aos postulados presentes em muitos círculos intelectuais e políticos modernos. Órgãos da imprensa laica são repetidamente citados por suas posições tidas como adeptas de novidades e modismos, mentirosos em face dos eventos que têm como protagonistas o clero e a Igreja. Também, a partir de 1908, o Estado passa a ser criticado em maior grau, em vista do esforço que empreende no sentido de destruir as bases católicas de uma nacionalidade assentada no ensino religioso. Nas suas generalizações, evidencia muitas vezes o uso de metáforas biológicas para comparar a sociedade a um corpo enfermo e sempre suscetível de contrair moléstias. Exemplo é o aporte “à invasão de moléstias epidêmicas”, ou então “o imenso perigo de sucumbir subitamente ao bafo corruptor das epidemias morais que grassam pelo mundo”, e ainda “o vírus da impiedade”.[*13] Estamos diante de um fragmento de discurso que coloca em risco toda a sociedade, em seus vários âmbitos. Esse perigo comum se oferece sob disfarces: pode ser a imprensa ímpia e a liberalidade pornográfica que é produto dela; ora é o liberalismo, com leis indiferentes à religião e políticas laicizantes; ora serão anarquistas e socialistas que, com um discurso sedutor, solapam a possibilidade de formar associações de trabalhadores católicos; ora serão as seitas protestantes, a maçonaria, os anticlericais. A profundidade dessas questões estava sustentada por uma base de motivação religiosa que inspirava o “cristão a combater todos os dias os seus inimigos no campo da ciência, da literatura, da arte, do direito e até da caridade”[*14] e devolver ao catolicismo os bens simbólicos e materiais que lhe haviam sido espoliados.

Esse é um dos vieses que garante a luta do catolicismo institucional no Brasil no sentido de imiscuir em todas as esferas da vida pública. Por sua vez, a imprensa católica popular esteve apta a respaldar o projeto de reanimação de uma sociedade sob fundamento católico. A AM foi um mecanismo essencial para tal finalidade, e se insere como fonte necessária para compreendermos o percurso de uma dimensão específica do catolicismo brasileiro. Recolocar Deus no serviço do mundo, esta é a obra:

Semear boas doutrinas se queremos que a sociedade produza obras sãs e não frutos ocos ou carunchosos (...) Lançai a Deus do coração e do governo do mundo e a sociedade fica reduzida a um agrupamento desordenado de homens sem lei que os dirija, sem laço que os enleie e sem freio que os reprima”.[*15]

Por fim, a revista AM acolhe ao historiador quanto à possibilidade de detalhamento de vários eixos temáticos. A partir desse ponto de vista, pode ser abarcada a perspectiva de interrogações sobre uma história da leitura, na medida em que se promove a interação do leitor nas cosmologias produzidas pela revista, e tão importante, dá uma compreensão sobre as permanências e transformações no pensamento católico quando este é dialeticamente colocado em questão pela historiografia.

Bibliografia

ALMEIDA, Cláudio Aguiar. Meios de comunicação católicos na construção de uma ordem autoritária 1907-1937. Doutorado em História (Tese). São Paulo: USP, 2002.
CAMPANHOLE, Adriano; CAMPANHOLE, Hilton Lobo. (Orgs.) Constituições do Brasil. São Paulo: Atlas, 2000.
CANETTI, Elias. Massa e Poder. Trad. Sergio Tellaroli. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
CORDI, Cassiano. O Tradicionalismo na República Velha. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, Tese (Doutorado em Filosofia), 1984.
KEPEL, Giles. La revancha de Dios. Cristianos, judíos y musulmanes a la reconquista del mundo. Madrid: Alianza Editorial, 2005.
LOZANO, Juan Manuel C. M. F. Un mistico de la accion – San Antonio Maria Claret. Estudio sobre el desarollo de su experiencia y doctrina espirituales. Roma: Estudios Claretianos, 1963.
________. Una vida al servicio del Evangelio. Barcelona: Editorial Claret, 1985.
LUSTOSA, Oscar de Figueiredo, O. P. (Seleção e Introdução). Os Bispos do Brasil e a Imprensa. Cadernos de História da Igreja no Brasil 2. São Paulo: Loyola/CEPEHIB, 1983.
MARCUCCI, Don Azzo; RUM, Andrea. “Imprensa Mariana”. In: FIORES, Stefano de; MEO, Salvatore. (Dir.). Dicionário de Mariologia. Trad. Álvaro A. Cunha, Honório Dalbosco, Isabel F. L. Ferreira. São Paulo: Paulus, 1995.
MICELI, Sérgio. A elite eclesiástica brasileira. São Paulo: Bertrand Brasil, 1988.
PAPÀSOGLI, Giorgio; STANO, Franco. ANTONIO CLARET: l’uomo Che sfidò l’impossible. Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1983.
PASTORAL COLETIVA DO EPISCOPADO BRASILEIRO AO CLERO E AOS FIÉIS DO BRASIL. São Paulo: Typographia Jorge Seckler & Comp., 1890.
REVISTA CATÓLICA SEMANAL ILUSTRADA AVE MARIA – REDIGIDA PELOS MISSIONÁRIOS FILHOS DO CORAÇÃO DE MARIA (CMF). São Paulo – Coleção encadernada de 1907 a 1937. Acervo da Biblioteca do Studium Theologicum de Curitiba.
RODRIGUES, Ana Maria Moog. (Seleção e Introdução). A Igreja na República. Biblioteca do Pensamento Político Republicano. Brasília: UnB, 1981.
RODRIGUES, Cândido Moreira. A Ordem: uma revista de intelectuais católicos (1932-1945). São Paulo: Autêntica, 2006.
VELLOSO, Mônica Pimenta. “A Ordem: uma revista de doutrina, política e cultura católica”. In: Revista de Ciência Política. Rio de Janeiro: FGV, n. 3, volume 21, setembro de 1978.
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Graduado em Administração de Empresas e História. Mestre e Doutorando em História pela Universidade Federal do Paraná. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Contato: paideia_mg@yahoo.com.br
“Construção institucional” foi o termo, bastante adequado ao meu ver, utilizado por Sérgio Miceli para caracterizar uma “nova era” no percurso da Igreja católica no Brasil. Refere-se, em linhas gerais, ao período (1890-1930) de florescimento, liberdade de ação, proselitismo, expansão que vive o catolicismo institucional no Brasil, após a separação de Estado-Igreja. Agregue-se a isto o notável crescimento das ordens religiosas estrangeiras. Ver: MICELI, Sérgio. A elite eclesiástica brasileira. São Paulo: Bertrand Brasil, 1988.
Por exemplo: VELLOSO, Mônica Pimenta. “A Ordem: uma revista de doutrina, política e cultura católica”. In: Revista de Ciência Política. Rio de Janeiro: FGV, n. 3, volume 21, setembro de 1978. Também: CORDI, Cassiano. O Tradicionalismo na República Velha. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, Tese (Doutorado em Filosofia), 1984.
Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Entre outras providências, o Decreto proibia a intervenção da autoridade federal e dos Estados em matéria religiosa, consagrava a plena liberdade de culto, extinguia o regime de padroado. In: CAMPANHOLE, Adriano; CAMPANHOLE, Hilton Lobo. (Orgs.). Constituições do Brasil. São Paulo: Atlas, 2000, p. 625-6.
PASTORAL COLETIVA DO EPISCOPADO BRASILEIRO AO CLERO E AOS FIÉIS DO BRASIL. São Paulo: Typographia Jorge Seckler & Comp., 1890.
“Há, porém, uma forma de que quiséramos ver-vos revestir hoje mais particularmente o vosso amor para com a Igreja: quiséramos ver-vos todos empenhados na difusão da imprensa católica como um meio de atalhar quanto possível os estragos da imprensa ímpia”. PASTORAL, idem, p. 75.
Daqui a diante a revista Ave Maria, quando citada, será identificada pela sigla AM.
SALAMERO, Luiz, Pe., CMF. “O vigésimo quinto aniversário da Ave Maria”. In: AM n. 20 de 26/05/1923. Edição especial de 25° aniversário, p. 289.
SALAMERO, Luiz, Pe. Op. cit., p. 289.
A ação “desde baixo” desde abajo configura-se por estimular as camadas populares a participarem das exibições públicas da religião, a se responsabilizarem pela manutenção da imprensa católica por meio de variadas formas de subscrição, a incitar a participação dos fiéis nas redes comunitárias católicas (associações pias, apostolados de oração, formação de sociedade femininas, de jovens etc.), a inspirar o crescimento da dimensão devocional dos fiéis limitada aos aspectos sacramentais de orientação romana, a zelar pela manutenção da moral familiar, a denunciar a “má imprensa”, o “mau livro”, o sensualismo moderno, o cinema, a pornografia, o carnaval, etc. Para uma discussão mais específica, cf. KEPEL, Giles. La revancha de Dios. Cristianos, judíos y musulmanes a la reconquista del mundo. Madrid: Alianza Editorial, 2005.
Antonio Maria Claret, nasceu em Sallent, na Catalunha, em 1807, e fundou a Ordem em 1849. Foi canonizado em 1950.
Avisos é um gênero literário que Claret irá utilizar muito nos anos sucessivos. São textos rápidos e de fácil assimilação, todos com temáticas de fundo moral, disciplinador e proselitista. Este gênero estará fortemente acentuado na linha da revista Ave Maria, e por vezes, irá radicalizar as situações do cotidiano político.
Segundo Elias Canetti, “Os cristais de massa apresentam-se sob a forma de um grupo de pessoas que chama a atenção por sua coesão e unidade. (...) a unidade do grupo em torno de princípios (dogmas) importa mais que o tamanho... (...) são grupos pequenos e rígidos de homens, muito bem delimitados e de grande durabilidade, os quais servem para desencadear as massas”. Canetti ainda chama a atenção que, mesmo uma aversão do catolicismo às massas, não o faz prescindir dos cristais, porque são os bem aventurados que compõem as massas. CANETTI, Elias. Massa e Poder. Trad. Sergio Tellaroli. São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 72-4, 156.
SALAMERO, Luiz, Pe. “A preservação da mocidade católica”. In: AM n. 21, de 21/11/1911, p. 321-2.
“O Pontífice da Eucaristia”. In: AM n. 7, de 16/02/1908, p. 92-3.
Idem.