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Artigo publicado na edição nº 30 de abril de 2008.
A Copa do Mundo de 1938:
nacionalismo e a identidade nacional brasileira em campo

Paulo Henrique do Nascimento

O objetivo deste artigo é propor uma reflexão a respeito da repercussão que a Copa do Mundo de futebol de 1938, disputada na França, teve no Brasil. Analisar-se-á como este evento pode ser considerado emblemático em se tratando de nacionalismo e identidade nacional, e os esforços por parte do governo Getúlio Vargas em realizar uma associação direta entre elementos do que era considerado como cultura popular à época (o samba, o carnaval e o futebol são claros exemplos) com o que de mais íntimo e peculiar haveria na “essência” do brasileiro. Essa reflexão justifica-se pelo fato desta Copa do Mundo, um marco do projeto nacionalista varguista, ter atraído a atenção da sociedade brasileira em vários segmentos (sociais, políticos, intelectuais, etc). A partir deste evento iniciou-se um exercício que viria a ser um hábito no Brasil: elaborar uma analise sociológica do brasileiro por intermédio do futebol (ANTUNES, 2004). A grande cobertura por parte da imprensa brasileira e a repercussão que a atuação da equipe brasileira teve no campeonato, são provas de que os esforços por parte do governo em associar futebol à “brasilidade” lograram demasiado êxito. Aquela foi a primeira de uma série que viria a se tornar uma constante na sociedade brasileira: a enorme mobilização dos brasileiros em prol da seleção nacional em épocas de Copa do Mundo de futebol. Isso é perceptível ainda nos dias de hoje; afinal, não há como negar que o posto de “país do futebol” hoje consolidado instiga sentimento de orgulho nos brasileiros de uma forma geral, servindo de fator de identificação entre estes, bem como soberba perante outras nacionalidades. Será analisado aqui como a Copa do Mundo de futebol disputada em 1938, na França, pode ser considerada como o primeiro grande momento de entusiasmo do brasileiro para com o esporte num âmbito nacional relevante, sendo isso reflexo da crescente popularização do esporte. Uma vez o futebol sendo popular, ia ao encontro das pretensões governamentais do presidente Getúlio Vargas em transformá-lo em um elemento de identificação nacional. O objetivo por parte do governo caminhava no sentido de associar elementos típicos do que se entendia ser uma cultura popular ao que supostamente haveria de mais peculiar no brasileiro, bem como instigar neste um sentimento de orgulho patriótico. O futebol já podia ser entendido como popular e mobilizador antes da década de 30; o que aconteceu a partir do governo de Vargas foi a utilização deste esporte de intenso apelo junto ao povo pelo Estado como meio para que se atingisse “as massas”, com a nítida posição do governo em encampá-lo e institucionalizá-lo (FRANZINI, 1997).

O futebol começa a ser praticado no Brasil no final do século XIX, em um período de transição da forma de governo no país: da monarquia para a república. Naquele período, era comum que a elite mandasse seus filhos estudarem no exterior, afim de que tivessem contato com “a vanguarda” do pensamento europeu, para adquirirem um conhecimento que supostamente não seria possível de se conseguir no Brasil. Quando retornavam ao país, estes jovens traziam consigo, além do conhecimento intelectual, alguns hábitos importados do velho continente. O futebol foi um deles.

Praticado por estes garotos, o esporte teve, no início, um caráter elitista, servindo como uma espécie de traço distintivo desta juventude endinheirada, que transformou o futebol num elemento de status e se esforçava para que essa condição do esporte fosse mantida. O jogo era disputado em clubes de bairros luxuosos das grandes cidades – Rio de Janeiro e São Paulo foram as pioneiras (PEREIRA, 2000, pp. 22-23).

Entre os anos de 1910 e 1920, um intenso processo de industrialização alterou a realidade das grandes cidades brasileiras. A arquitetura destas cidades foi bastante transformada, bem como seu cotidiano, de modo a abrigar uma nova realidade: maior número de indústrias e, conseqüentemente, de trabalhadores. Bairros inteiros são construídos com uma única perspectiva fabril: a criação de um espaço, apartado dos bairros nobres, onde o operário possa trabalhar e morar de uma forma razoavelmente digna (RAGO, 1985). São justamente nestes bairros em que o futebol começa a se popularizar. Assim, o esporte passou a ser disputado em áreas “de várzea”; clubes foram criados, bem como ligas independentes, para que o futebol fosse praticado – as ligas “oficiais” não permitiam que tais clubes, oriundos da periferia das grandes cidades, disputassem os mesmos torneios que os clubes da elite. De qualquer modo, ao contrário do final do século XIX, pode se dizer que o futebol já possui nos anos 10 e 20 um grau de popularidade bastante acentuado.

No plano geopolítico mundial, um grande acontecimento na Europa trouxe conseqüências diretas ao nosso país, especialmente no plano cultural: a Primeira Guerra Mundial. Com ela, veio a sensação de crise do racionalismo, sendo este insuficiente para dar conta de todos os anseios humanos. Além disso, a cultura européia, sempre reverenciada, passou a ser relativizada, e esforços foram feitos para valorizar características culturais genuinamente brasileiras. Foi neste momento que surgiram marcos na esfera cultural brasileira, como o livro “Macunaíma”*1, e a Semana de Arte Moderna de 1922, um dos momentos de vanguarda mais criativos e revolucionários da cultura brasileira. Os modernistas foram grandes entusiastas da criação, valorização e consolidação de uma cultura genuinamente brasileira. E diante da perspectiva “antropofágica”, de deglutir o que viesse “de fora” para que este fosse regurgitado com traços nacionais, eram simpáticos à prática do futebol. Mas essa simpatia não foi consensual entre os intelectuais do período, como mostra a declaração de Graciliano Ramos a respeito da pertinência da inserção do futebol na sociedade brasileira:

Mas por que o ‘football’?
Não seria, porventura, melhor exercitar a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo?
Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.
Ora, parece-me que o ‘footballl’ não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.
... Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras?
O ‘football’ não pega, tenham certeza*2 (ANTUNES, 2000, p.24).

A partir dos anos 30, o que acontece é uma estruturação cada vez mais intensa do futebol (processo que podia ser notado através de ligas, campeonatos interestaduais e os próprios clubes, cada vez melhor organizados). Diante deste movimento, a prática do futebol chama cada vez mais a atenção por parte do Estado brasileiro. Com o governo de Getúlio Vargas, o Estado adotou a postura de intervir na cultura para disseminar uma imagem moderna do país. Surge aqui também a idéia de “cultura de massa”:

A sociedade de massa fez sua entrada no cenário mundial durante o século XX. As multidões se tornaram visíveis e passaram a fazer parte da sociedade e a contar. As grandes transformações sociais estiveram, assim, marcadas pela incorporação das massas, que se tornaram eleitoras e consumidoras. Sociedade moderna passou a ser identificada como sociedade de massas (OLIVEIRA, 2003, p. 325).

O Brasil do samba, da mulata, do carnaval, do malandro e outros tantos protótipos ainda hoje em voga em nossa sociedade surgiram ou foram consolidados nesta época. A idéia foi captar estes elementos de forte apelo cultural vigentes no país desde o início do século e aliá-los à idéia de “país moderno”. Foi assim que o ideário modernista foi convertido em política de governo, e o Estado passou a intervir na cultura como nunca o fizera. O estado transformou grande parte da cultura brasileira numa vasta área detentora de uma imensa potencialidade de atuação política. Esta perspectiva política, que teve sua origem no governo Vargas, pode ser detectada até hoje (MICELI, 1979). O intuito governamental à época era encontrar determinados traços da cultura do país que pudessem ser aceitos, pelo maior número de patriotas, como aquilo que existisse de mais brasileiro em seu país, no intuito de promover uma identificação nacional dos cidadãos com sua nação (VIANNA, 1995).

O futebol foi mais um dos elementos utilizados por Vargas como capaz de atrair a atenção do povo brasileiro e criar a identificação deste com sua “nação”. Tantos os jogos disputados no país quanto as atuações da seleção brasileira no exterior atraiam grande atenção do público. É neste período em que o futebol sai definitivamente do amadorismo e passa a ser institucionalizado.

O rádio foi um importante aliado para a popularização do futebol, visto que, uma vez o número de interessados no esporte ser bem superior ao que comporta um estádio, seu apelo diante do grande público deveria ser feito também por outros meios – e, à época, o rádio era dos principais meios a se fazê-lo. Na década de 30, o rádio ganhou importância no espaço privado do brasileiro, tendo um impacto fundamental na transformação deste em relação a sua visão de mundo. Pode-se perceber aqui também interferências de Vargas: a sansão de uma medida que liberava a publicidade nos intervalos dos programas de rádio fez com que toda a programação fosse repensada, de modo a atrair a atenção de consumidores em potencial. As agências de publicidade acabaram sendo as grandes responsáveis pela elaboração da programação das rádios, e a partir desta nova lógica, programas de forte apelo popular, como novelas, programas de auditório e musicais com as famosas cantoras de marchinhas de carnaval, por exemplo, passam a ganhar destaque na programação (SEVCENKO, 1998).

O futebol, dado seu forte apelo popular, também se insere na programação das rádios. Assim, para que o esporte fosse acompanhado pelo maior número possível de pessoas, a transmissão das partidas era sempre pensada para ser feita numa linguagem abrangente, capaz de ser de fácil percepção ao público em geral (VIANNA, 1995, p. 109). A relação do brasileiro com o futebol nos anos 30 é retratada por Fábio Franzini da seguinte forma:

Os anos 30 são um momento decisivo na relação entre o futebol e a sociedade brasileira. Enquanto o meio político-cultural começa a redefinir as concepções acerca do ‘nacional’, a popularidade do futebol é impulsionada tanto pelo desenvolvimento do rádio como meio de comunicação de massa quanto pela oficialização do profissionalismo dos jogadores, fato este que transforma o jogo em trabalho. O futebol, assim, estabelece-se como um meio de integração e ascensão sócio-econômica para as camadas populares – historicamente excluídas –, bem como torna-se um dos elementos que viriam a caracterizar a identidade nacional brasileira (FRANZINI, 1997).

Ao longo da década de 30, uruguaios e italianos disputaram a soberania internacional do futebol; a conquista do bicampeonato olímpico no começo do século pelos uruguaios e o trunfo da equipe italiana na Copa de 1938 são exemplos de tal domínio. Vale registrar também a perspectiva com a qual as equipes latino-americanas disputavam torneios internacionais: vislumbravam, nesta disputa com a Europa, uma possibilidade de, ao menos em alguma esfera, serem reverenciados por sua superioridade – visto que em campos como economia, educação ou industrialização, tal vislumbre em comparação à Europa adquiria possibilidades escassas de sucesso (ANTUNES, 2004).

Além disso, o pensamento nacionalista vigente no Brasil à época procurava destacar as especificidades do brasileiro, valorizando-as. A polêmica acerca da pertinência do “esporte bretão” em terras brasileiras fora encerrada, dada a popularização que o esporte alcançou nos anos 30; não restavam dúvidas sobre a capacidade do brasileiro em incorporar algo “de fora” e configurá-lo para sua cultura, a ponto deste elemento exógeno ser tido como um dos grandes valores de sua “nacionalidade”, criando assim uma forma própria de lidar com este elemento – forma esta, no caso do futebol, que os brasileiros julgavam ser superior a de seus “criadores” europeus.

Algumas polêmicas marcaram as duas primeiras participações do Brasil em Copas do Mundo. A Copa de 1938 foi a primeira em que muitas controvérsias foram superadas. Rio de Janeiro e São Paulo chegaram a um consenso, e com isso atletas dos clubes de ambas as cidades (que reuniam à época os principais jogadores do país) tornaram-se “selecionáveis”. Com isso, tanto jogadores cariocas quanto paulistas estavam presentes na equipe, depois de vários conflitos entre as federações das respectivas cidades sobre a pertinência ou não da profissionalização do esporte, seguidos de boicotes ao time nacional – ora de uma parte, ora de outra. Fato importante em 38 também foi a mudança de mentalidade que propiciou que atletas negros também pudessem atuar no time. Desta forma, a equipe era considerada uma verdadeira seleção, pois era enfim composta por grande parte dos elementos étnicos e regionais que representavam o povo brasileiro.

O esporte há muito já tinha perdido seu cunho elitista de outrora; clubes da periferia já participavam das ligas oficiais, e o futebol, além de ter se profissionalizado (não somente sócios dos clubes disputavam partidas por suas respectivas associações; pelo contrário, a maioria dos atletas era devidamente remunerada pra tal “ofício”), via, por conseqüência, com bons olhos a participação de atletas negros no esporte, inclusive na seleção. Esperava-se que nesta Copa, além do coroamento do estilo de jogo brasileiro, também ocorresse a valorização da raça brasileira, terminologia razoavelmente difusa à época, que seria a síntese de várias culturas e diversas nacionalidades, e da democracia racial, debatida por intelectuais justamente ao longo da década de 30. Um dos maiores símbolos desta discussão sobre o que vinha a ser o brasileiro foi representado no livro “Casa-Grande e Senzala”, de Gilberto Freire. Publicado pela primeira vez em 1933, o sociólogo faz nesta obra uma defesa da miscigenação de raças promovida na história do Brasil, e que seria esta “mistura” a grande vantagem dos brasileiros diante dos outros povos. O futebol era para Freire mais uma das áreas na qual o brasileiro se sobressairia diante os demais*3, graças principalmente a esta mistura, que aglutinou o que de melhor havia em brancos, negros e indígenas e trouxe como conseqüência a forma de ser do brasileiro.

As vitórias da seleção nacional sobre equipes de outros países passam a servir de justificativa para vinculações diretas destas conquistas ao que de mais peculiar teria o brasileiro – como se na esfera do futebol, não existisse para o brasileiro concorrente à altura; seria este o campo ideal para que os brasileiros desenvolvessem todas as potencialidades de sua genialidade, se inspirando assim para extrapolá-las para outros planos. A expectativa criada em torno da atuação da seleção brasileira na Copa de 1938 foi grande, visto que aquela seria a primeira vez em que um selecionado brasileiro disputaria uma Copa “com sua força máxima”.

A campanha do Brasil na Copa empolgou a torcida pelo país afora. Depois de uma vitória por 6 a 5 sobre a Polônia, seguida por um empate e uma vitória sobre a Tchecoslováquia, a confiança pelo título foi grande. Até que o time sucumbiu diante da Itália por 2 a 1, com um gol de pênalti altamente contestado pela equipe brasileira selando a vitória dos italianos, que viriam a conquistar o título. A derrota brasileira nas semifinais do torneio adquiriu caráter de catástrofe no país. A forma como a notícia repercutiu no Brasil, em especial no Rio de Janeiro, então capital federal, foi registrada por Getúlio Vargas, que em meio às suas obrigações anotou em seu diário: “O jogo de ‘football’ monopolizou as atenções. A perda do ‘team’ brasileiro para o italiano causou uma grande decepção e tristeza no espírito público, como se se tratasse de uma desgraça nacional” (VARGAS, 1995, v.2, p.140).

A reação imediata da população no Brasil foi de indignação diante do resultado, que mais tarde deu lugar a uma espécie de refutação do mesmo. Integrantes da delegação brasileira cogitaram a possibilidade de reivindicar a revogação do jogo. Entretanto o resultado se manteve, e coube ao Brasil contentar-se com o terceiro lugar. A repercussão que esta Copa teve no país, nos mais diversos âmbitos sociais, foi enorme. As partidas eram transmitidas ao vivo pelo rádio. Editoriais em jornais de grande circulação foram dedicados a comentar a atuação brasileira no certame – em especial a derrota nas semifinais e o impacto que isso causara no país*4. Assim que chegaram ao Brasil, os atletas que estavam na França disputando a Copa foram ovacionados, receberam várias condecorações oficiais, desfilaram em carreata por ruas de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Leônidas da Silva, maior artilheiro da competição, de tão popular, serviu como garoto-propaganda de um novo doce criado à época – seu apelido, “Diamante Negro”, serviu para dar nome a um chocolate ainda hoje popular no Brasil.

Esses são exemplos de que o futebol passara a ser assunto de grande importância para o brasileiro. Sua popularidade era incontestável. Era como se a partir de então, o brasileiro passasse a se enxergar enquanto indivíduo pertencente a uma nação através de um grande elemento identificador: o futebol. Como se a consciência do brasileiro sobre sua condição, sobre sua brasilidade, viesse por intermédio do futebol. A forma como o futebol passou a ser tratado no Brasil não foi obra do acaso: o governo Vargas, percebendo o potencial mobilizador que este esporte tinha, foi bastante hábil em encampá-lo, patrocinando seu crescimento (via incentivo aos clubes, aos campeonatos disputados no Brasil e à participação da seleção nacional em torneios internacionais) para que, uma vez popular em um âmbito nacional, adquirisse este caráter de elemento propagador do nacionalismo brasileiro, característica presente ainda hoje na sociedade brasileira.

FONTES:

“Enfrentando a Polonia o Brasil estréia, hoje, no Campeonato Mundial de Futeból”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 05/06/1938, Segunda Seção, p. 1.
“Difficil mas convincente victoria assignalou a estrea dos brasileiros no Campeonato Mundial de Futebol”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 07/06/1938, Segunda Seção, p. 1.
“Todo o Brasil empolgado pela magnifica victoria de hontem, em Bordéos”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 15/06/1938, Primeira Página.
“Por um tiro livre venceram os futebolistas italianos”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 17/06/1938, Segunda Seção, p. 1.
“Volupia de acção e belleza”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 17/06/1938, Primeira Página.
“Italia, Hungria e Brasil conquistaram respectivamente os tres primeiros postos do Campeonato Mundial de Futebol”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 21/06/1938, Esportes, p. 2.
“Recife acolhe enthusiasticamente os defensores do Brasil no Campeonato Mundial de Futebol”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 09/07/1938, Esportes, p. 2.
“Leonidas enthusisticamente ovacionado no Rio”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 12/07/1938, Esportes, p. 2.
“Carregados em triumpho os paulistas que tomaram parte no Campeonato Mundial”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 14/07/1938, Segunda Seção, p. 1.
“Será lançado finalmente hoje o chocolate ‘Diamante Negro’ – o chocolate dos ‘Cracks’ e o ‘crack’ dos Chocolates”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 16/07/1938, p. 3.
“O Sr. Getulio Vargas pronunciou em Ribeirão Perto importante discurso sobre o problema do café”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 22/07/1938, Primeira Página.
“Leonidas encantado com a recepção que o povo paulista hontem lhe tributou, a sua chegada a esta capital”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 26/07/1938, Esportes, p. 2.
“Os escolares e esportistas desfilaram ante-hontem perante o chefe da nação”. DIARIO DE S. PAULO. São Paulo: 26/07/1938, Segunda Seção, p. 1.
“Aventura na América faz do Uruguai o campeão pioneiro”. FOLHA DE S. PAULO. São Paulo: 30/04/2006. Especial, p. 9.
“Itália apela para organizar e ganhar a sua primeira Copa”. FOLHA DE S. PAULO. São Paulo: 30/04/2006. Especial, p.11.
“Itália de Pozzo confirma sua hegemonia na casa vizinha”. FOLHA DE S. PAULO. São Paulo: 30/04/2006. Especial, p. 13.

Referências bibliográficas

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ANTUNES, Fátima M. R. F. “Com brasileiro não há quem possa!” – Futebol e identidade nacional em José Lins do Rego, Mário Filho e Nelson Rodrigues. São Paulo: Editora Unesp, 2004.
FILHO, Mário. O negro no futebol brasileiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da Família Brasileira sob o Regime de Economia Patriarcal. 10.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1961.
FRANZINI, Fábio. Corações na ponta da chuteira: capítulos iniciais da história do futebol brasileiro (1919-1938).Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
______. Futebol, identidade e cidadania no Brasil dos anos 30. XIX Simpósio Nacional de História da ANPUH, realizado em Belo Horizonte (MG) de 20 a 25 de julho de 1997.
MICELI, Sérgio. Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-1945). São Paulo: Bertrand Brasil, 1979.
OLIVEIRA, Lúcia, Lippi: “Sinais da modernidade na Era Vargas: vida literária, cinema e rádio”. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (org.). O Brasil republicano – o tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SEVCENKO, Nicolau. A capital irradiante: técnica, ritmos e ritos do Rio. In: NOVAIS, F. (coord.) e SEVCENKO, N. (org.). História da vida privada no Brasil – República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, v. 3.
PEREIRA, Leonardo A. de M. Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro – 1902-1938. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar – a utopia da cidade disciplinar. São Paulo: Paz e Terra, 1985.
VARGAS, Getúlio. Diário / apresentação de Celina Vargas do Amaral Peixoto; edição de Leda Soares. São Paulo: Siciliano; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1995, v. 2.
VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar/ UFRJ, 1995.
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Bacharel e licenciado em História pela UNESP, Campus de Franca. Desenvolveu durante a graduação pesquisa sobre a Copa do Mundo de 1938 e as implicações deste evento no nacionalismo e na identidade nacional brasileira. Atualmente, desenvolve pesquisas na área de Sociologia do Esporte. É membro do GIEF (Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol) e do Centro de Estudos Socioculturais do Movimento Humano, ambos da USP.
O livro de Mário de Andrade, além de ser considerado um marco no Brasil do ponto de vista lingüístico e literário, apresenta o personagem-título, o herói sem nenhum caráter, como um protótipo sobre o que vinha a ser o brasileiro: um anti-herói malandro, mulherengo e avesso ao trabalho.
Tal declaração é encontrada no livro de Fátima M. R. F. Antunes, ”Com brasileiro não há quem possa!” – Futebol e identidade nacional em José Lins do Rego, Mário Filho e Nelson Rodrigues, em que a autora selecionou crônicas de jornal dos escritores citados no título, com o propósito de comprovar a popularidade do futebol nas discussões da sociedade brasileira entre os anos 1950 e 1970. Para tanto, Antunes elaborou um resgate geral do que foi o futebol brasileiro na primeira metade do século XX, e qual a leitura que diferentes estratificações sociais brasileiras à época fizeram deste esporte.
Esta idéia está presente no prefácio do livro de Mário Filho, O negro no futebol brasileiro, em que Freyre faz uma contundente defesa da presença do negro no futebol brasileiro, como fator determinante no sucesso da prática do esporte em nosso país.
Como exemplo, temos o editorial do “Diario de S. Paulo” de 17 de julho de 1938, assinado por Assis Chateaubriand, que defendia a minimização da derrota da seleção no cenário social brasileiro: “Não nos vamos matar para concluir quem venceu”.