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Artigo publicado na edição nº 41 de abril de 2010.
Profissionais das obras públicas na província de São Paulo na primeira metade do século XIX:
atuação no campo da Engenharia Civil

Ivone Salgado

Para compreender a atuação dos profissionais das obras públicas na Província de São Paulo é importante considerar o quadro mais amplo de transformações da profissão da engenharia. São mudanças importantes que se referem ao status do engenheiro, a outras profissões, a um complexo contexto social, mas, sobretudo, são mudanças relativas ao próprio trabalho do engenheiro, tanto no que se refere às questões operativas como às questões teóricas que modificariam as várias tradições da prática profissional.

As mudanças ocorridas também foram relativas à formação profissional, aos métodos de transmissão dos conhecimentos atinentes ao campo prático e ao campo teórico, que em alguns casos privilegiam a transmissão pela via empírica, em outros, pela via teórica. Trata-se de modificações relativas às competências profissionais e que dizem respeito, sobretudo, à distinção e à relação entre setores diversos: o setor militar (da construção, da artilharia) e o setor civil (da relação com os arquitetos, de um lado, e com os peritos, de outro); e entre campos diversos: da construção dos edifícios, da hidráulica, da organização do território (vias de comunicação e transporte, levantamento cartográfico), das máquinas, da produção, das tarefas de gestão administrativa etc., guardando as diversas possibilidades de atuação profissional no âmbito público e no privado.

Os novos papéis das novas profissões (ou a redefinição das antigas) ou as suas institucionalizações ampliam as possibilidades de intervenção das atividades do engenheiro. O que parecia levar a uma fluidez da sua figura levaria a uma estabilização no que diz respeito ao status, à competência e à carreira do engenheiro[*1].

Na definição da nova figura desse profissional emergem diversas tendências que estão relacionadas a diversos contextos nacionais e às instituições que se formaram a partir de 1747, data de ativação de fato da École des Ponts et Chaussées na França, uma série de escolas estatais com qualidades heterogêneas, e, no que concerne à qualidade do ensinamento, que seriam protagonistas dessas grandes transformações[*2].

Torna-se importante destacar o processo que esquematicamente se delineia no aprendizado da engenharia que criaria “modelos” diversos, basicamente o modelo inglês e o modelo francês, que se colocam em extremos opostos. Um, expressão de uma tradição nitidamente caracterizada num contexto privatizante, individualista, com uma nítida afirmação da autonomia do setor civil e com forte predomínio do saber prático-empírico; o outro, expressão de uma tradição nitidamente caracterizada no sentido estatal, no qual, inclusive para o setor civil, era privilegiada uma organização coletiva e hierarquizada – o “corpo” –, derivada do setor militar, com um forte acento no papel do saber teórico-científico[*3].

Há, portanto, uma nítida contraposição entre a engenharia que vai se afirmando na Inglaterra e aquela que vai se afirmando na França. A nova engenharia que nasce na Inglaterra está associada à noção de engine, isto é, máquina, motor, instrumento. Aquela que nasce na França, à noção do ingénieur, também derivada do termo correspondente no inglês – engineer, mas com o significado de engine-maker, ou seja fortifier, termo relativo aos setores bélicos, às obras defensivas, como fortificações; mas também, às estradas, pontes, construções, e a todas as obras necessárias à defesa. Já as grandes obras do setor civil ficavam, na sua maioria, a cargo dos arquitetos. Essa posição dos arquitetos deixou amplo espaço de iniciativa aos práticos, que na Inglaterra eram os millwrights, técnicos subalternos, geralmente craftsmen, muitas vezes de origem social modesta, autodidatas, e dotados de grande capacidade intuitiva. É deste operário que emerge a nova figura do engenheiro, independente da tradição da engenharia militar e nitidamente distinta da tradição edilícia da arquitetura: o civil engineer, que se afirmará no curso do século XIX como o mechanical engineer. Pode-se afirmar que o novo significado do termo engineer, que acaba soterrando o velho, anda a par e passo com o processo de institucionalização e de crescimento no plano social da nova figura[*4].

No mesmo período em que na Inglaterra transcorre a transformação do millwright fazendo emergir a prestigiosa figura do civil engineer, na França é instituída outra tradição, a partir da École des Ponts et Chausées que, em 1775, poderia se dar o título de royale. A École marca o nascimento do engenheiro civil como figura autônoma do engenheiro militar[*5].

De particular interesse neste caso é o tipo de formação profissional prevista na École. O sistema de instrução profissional dos alunos era complexo e hierarquizado. Da mesma forma, aqueles que haviam terminado o curso e tornavam-se engenheiros plenos no desenvolver de suas funções passavam a se organizar em corpus. Tal tipo de estrutura organizativa era uma clara indicação do fato de que a engenharia civil, no momento em que reivindicava uma autonomia, mantinha elementos de derivação da tradição da engenharia militar. Os alunos deveriam passar um período no Bureau des géographes et des dessinateurs, na sessão de desenho e cartografia do Ministério das Finanças, vinculado à escola.

Este sistema adotado na École revela que na formação do novo engenheiro civil remanescia importante o domínio dos saberes no campo da geografia e da cartografia, preservando a tradição da antiga engenharia militar e adotando a atividade prática como um elemento fundamental nessa formação.

Na École os estudos compreendiam 3 classes. Na classe inicial, dita terceira, o estudante estudava geometria, trigonometria, topografia elementar, cartografia; na classe intermediária, dita segunda, estudava mecânica, hidráulica, topografia avançada, secção cônica, teoria da superfície curvilínea, esteriometria, resistência dos materiais; na classe terminal, dita primeira, os alunos deveriam estudar desenho, arquitetura, construção, mas deviam, sobretudo, exercitarem-se praticamente, em campo, ocupando-se de projetos concretos. Para disciplinas mais específicas, como mineralogia, química, hidrodinâmica, arquitetura e desenho, entre outras, os alunos poderiam seguir aulas em outras escolas, como no Collège de France ou no Jardin Du Roy, ou, eventualmente, ter aulas particulares.

A formação de um Gabinete Topográfico em São Paulo data de 1836 e procurou suprir a falta de profissionais no campo da engenharia na Província. Foi uma iniciativa que visava realizar os chamados “melhoramentos” da Província, que em grande parte se constituíam numa rede de estradas de rodagem, com todas as obras necessárias para a sua boa circulação, como as pontes e aterros.

A criação do Gabinete Topográfico se insere num contexto maior, no qual a Província se deparava com um crescente aumento da produção agrícola e decorrente necessidade de escoamento das mercadorias. Sua criação foi acompanhada da criação das barreiras que eram agências fiscais estabelecidas nas estradas da província e que cobravam taxas sobre a passagem de animais e carros. As barreiras paulistas foram criadas pela Lei provincial n. 11, de 24 de março de 1835, que previa a aplicação das rendas unicamente para a abertura, conservação e conserto dos caminhos provinciais. As duas iniciativas se explicam, portanto, pela importância econômica do sistema viário, responsável pelo escoamento da produção paulista e que requeria reparos frequentes, devidos às erosões e estragos que os animais provocavam em caminhos muitas vezes abertos toscamente[*6].

Até 1834, a construção e a preservação das estradas eram de competência dos órgãos municipais, mas a lei de 1835, criando as barreiras nas estradas mais importantes da Província, transferiu para o poder provincial a competência exclusiva em relação às estradas, introduzindo uma nova fonte de arrecadação[*7].

Se analisarmos as disciplinas da escola do Gabinete Topográfico, podemos verificar muita similaridade ao conteúdo disciplinar da escola francesa que se tornava um modelo. À frente desta escola estava o engenheiro Daniel Pedro Müller, formado na Real Escola dos Nobres de Lisboa.

Müller (1785-1841), primeiro diretor do Gabinete Topográfico criado na Província de São Paulo, veio para o Brasil como ajudante de ordens do governador e capitão-general Antônio José da Franca e Horta, que administrou São Paulo entre 1802 e 1811, passando a residir na cidade de São Paulo de Piratininga a partir de 1802.

É possível que a vinda de Daniel Pedro Müller para São Paulo já fizesse parte dos objetivos do governador em nomeá-lo como lente da Aula de Desenho que cogitava estabelecer em 1804 para a formação de oficiais engenheiros. Todavia, essa iniciativa só se concretizaria em 1836 com a formação do Gabinete Topográfico[*8].

Quando assumiu a direção do Gabinete, o engenheiro já possuía experiência na administração das obras na Província. Já em 1814, fora encarregado dos melhoramentos de uma das principais estradas da Província, a que ligava São Paulo a Sorocaba, onde se fazia o comércio de muares, e em 1822, ocupava o cargo de Inspetor Geral de estradas da Capitania, depois Província de São Paulo. Realizara também o famoso Ensaio Estatístico da Província de São Paulo[*9], de 1836, um amplo panorama da Província incluindo conhecimentos sobre a sua extensão, a descrição do seu território, em particular de sua administração, população, comércio, indústria, produção, clima, finanças, justiça e geografia.

O Gabinete Topográfico foi, portanto, a primeira tentativa de organização do serviço de estradas provinciais a partir de 1836 e proporcionava aos jovens que nele estudavam uma formação prática de engenheiro. Ele era em 1828, segundo o Presidente da Província:

um estabelecimento, que pelo menos pode fornecer pessoas aptas para a direção dos trabalhos das Estradas, de que tanto necessitamos, [...] e que muito sensível se torna a falta de quem faça explorações, levante plantas, e dê planos para semelhantes obras.[*10]

Este Gabinete funcionou por alguns anos; não assistindo, todavia, solução de continuidade, seria novamente instaurado pela Lei nº 12, de 12 de março de 1840, mas começaria efetivamente a funcionar apenas alguns anos mais tarde.

Neste ano de 1841, o Gabinete Topográfico não podia iniciar seus trabalhos, apesar de já ter um Diretor nomeado, Daniel Pedro Müller, que possuía “conhecimentos professionais e outras excellentes qualidades”, em função de não haverem sido ainda designados o Ajudante de Diretor e o Servente, conforme havia sido previsto no Regulamento de 1º de agosto do ano de 1840[*11].

Na mesma época, o Presidente da Província também propunha a criação de uma diretoria de obras públicas na capital, onde seriam feitos os “planos, orçamentos e mais detalhes de qualquer obra que o Governo julgasse conveniente para a Província”[*12].

No ano de 1842, falece o marechal engenheiro Daniel Pedro Müller, sendo substituído na condução do Gabinete Topográfico por José Jaques da Costa Ourique. No mesmo ano, o Presidente da Província, ao enviar à Assembleia Legislativa seu relatório, comenta sobre a importância do Gabinete Topográfico para a Província e sobre a falta de profissionais habilitados para os serviços de topografia e de engenharia:

É cotidianamente sentida a falta de homens que possuam alguns conhecimentos para serem empregados na direção das estradas, e outras obras públicas; e podendo-se possuil-os, com pequeno sacrifício, por meio do gabinete, parece-me muito aproveitada a despeza que se fizer com sua sustentação.[*13]

Neste mesmo relatório, comenta ainda o presidente que o seu antecessor havia feito representações ao Governo Imperial “pedindo a remessa de dois oficiaes Subalternos do Corpo d’Engenheiros” para empregar na inspeção e direção das obras públicas, e que dois profissionais haviam sido enviados e achavam-se naquele momento em “diversas commissões”. Todavia, as queixas do Presidente da Província continuam, pois este alegava que eram “tantas as obras publicas começadas, e as que ainda se necessitão aprehender, e em lugares tão distantes que é impossível que dois Engenheiros possam inspecional-as, ou dar planos adequados”. O Presidente da Província justificava assim o seu pedido de “restauração do Gabinete Topographico”[*14].

Em 1842, o Gabinete Topográphico da Cidade de São Paulo achava-se então sob a direção do Engenheiro da Província José Jacques da Costa Ourique. Em 1843, o Gabinete instalara-se finalmente

debaixo da direcção de um Official Engenheiro de mérito, solicita um ajudante para que o mesmo não ficasse restrito a uma simples escola de alguns ramos de mathematica baldando-se assim a intenção dos Legisladores da Província que queirão criar ali um grande recurso para o importantíssimo objecto das estradas da Província.[*15]

Em relatório do Presidente da Província, de 1843, é apresentado um quadro com a “Lista dos Alunnos do Gabinete Topográphico habilitados para seguir a Aula de Algebra”. Na época, o Gabinete Topográphico comportava 15 alunos[*16].

No ano seguinte, 1844, continuavam matriculados no Gabinete Topográphico da Cidade de São Paulo, ainda sob a direção do Engenheiro da Província José Jacques da Costa Ourique, a grande maioria dos alunos registrados no ano anterior, comportando então 23 alunos[*17].

Nesse ano, o Gabinete Topográfico daria lugar à Diretoria de Obras Públicas, à qual ficaria ainda ligada a escola de engenheiros. Da Diretoria faziam parte engenheiros a serviço da Província, civis e militares, e ex-alunos do Gabinete Topográfico. Como a repartição era muito numerosa, e pelo fato de os engenheiros se acharem concentrados na Capital, a Assembleia resolveu, em 1845, aprovar uma lei dividindo a Província em quatro seções de obras públicas, e, no ano seguinte, aprovar outra lei, que reduziria a estrutura da diretoria. Além disso, decidiram os legisladores que os alunos da escola não mais receberiam gratificação nem seriam aproveitados em trabalhos da Diretoria. Decisão que decretaria na prática o fim da escola de engenharia[*18].

A formação do Gabinete Topográfico em São Paulo na primeira metade do século XIX revela a falta de profissionais disponíveis na Província em relação às crescentes necessidades. Solicitações de novos profissionais também eram feitas junto à corte no Rio de Janeiro que possuía um corpo de oficiais engenheiros e a Aula de Architetos Medidores. Já no final da década de 1830, o governo da Província de São Paulo ampliaria suas solicitações e sugeriria, ainda, a possibilidade de contratar profissionais estrangeiros para conduzir as obras públicas.

Procurou conseguir da Corte, “Officiais Engenheiros para a direção dos trabalhos das estradas, e mesmo para engajar-se ao menos hum na Europa por via da Secretaria d’ Estado dos Negócios Estrangeiros, sem o que não julgava conveniente emprehender grandes e dispendiosas obras, porque seria gastar dinheiro com pouco proveito.”[*19]

Segundo o Presidente da Província, na falta de profissionais qualificados, a conservação das Estradas da Província e alguns melhoramentos estavam ficando a cargo das câmaras nas diversas villas da Província. Naquele mesmo ano, relata que haviam sido empregados recursos nas estradas da “Villa d´Atibaia; Capella de Amparo na de Bragança; na Villa de Cunha para a de Parati; e da Freguesia de Nazareth para esta Capital.”[*20]

Dentre os melhoramentos necessários, aqueles relativos às pontes eram imprescindíveis e naquele mesmo ano, 1838, haviam sido concluídas a ponte do rio Pirituba, na Estrada de Coritiba, e a ponte do rio Parahiba, na Estrada de Jacarey para Parahibuna e São Sebastião; descreve o andamento de outras pontes, como a grande ponte sobre o Rio Tietê, na Estrada de Porto-Feliz para Capivary e Constituição; e a reedificação de outras, como a do rio Pinheiros na Capital[*21].

A presença (e a ausência) de profissionais de diversas formações, e mesmo a necessidade de formar profissionais, revelam as dificuldades e as iniciativas múltiplas, contínuas, interrompidas que experimentou a Província de São Paulo num contexto das necessidades, cada vez maiores, de construção de uma rede de estradas de rodagem voltada à dinamização da economia na Província.

Referências bibliográficas

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DOLHNIKOFF, Míriam. Caminhos da Conciliação – o poder provincial em São Paulo (1835-1850). 1993. Dissertação (Mestrado em História)– Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993, p. 58.
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ALMEIDA TORRES, José Carlos Pereira. São Paulo. Discurso recitado pelo ex.mo preidente [sic], José Carlos Pereira 'Almeida Torres, no dia 7 de janeiro de 1843 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa da Provincia de S. Paulo. São Paulo: Typ. do Governo, 1843. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010.
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Professora do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do CEATEC-PUC Campinas. Bolsista produtividade CNPQ-2. Pesquisadora Principal de Projeto Temático (FAPESP) com pesquisa sobre a formação da disciplina Urbanismo no século XIX. Arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1978), Doutora em Urbanismo pelo Institut d’ Urbanisme de Paris - Université Paris XII (1987), com Pós-Doutorado pelo Istituto Universitario di Architettura di Venezia – Itália (2008). E-mail: salgadoivone@uol.com.br.
CALCAGNO, Gian Carlo. La Figura dell’Ingegnere tra Sette e Ottocento. In: Istituto Veneto di Science, Lettere ed Arti, Ingegnaria e Politica nell’Italia dell’Ottocento: Pietro Paleocapa. Venezia: Istituto Veneto di Science, Lettere ed Arti, 1990. p. 461-476; p. 465.
Na França, além da citada École des Ponts et Chaussées, há a École des Mines (1783), a École Polytechnique (1794), a École des Mines de Saint-Etienne (1816), a de Arts et Metiers (1929); na Bélgica, a École de Arts e des Mines de Mons (1837); na Espanha, a Escola Técnica Superior de Madrid (1802); na Itália, a Scuola d´Ingegneria di Napoli (1811), a de Roma (1817), o Politécnico de Milão (1863); na Suíça alemã há uma das mais famosas escolas superiores de engenharia, o Politécnico de Zurich (1855); na Alemanha, o Politécnico de Berlim, ou, mais precisamente, o de Charlottenburg (1799), o de Karlsruhe (1825), também famosíssimo, o de Munich (1827), o de Hannover e o de Dresden (1828), o de Stuttgart (1829), o de Braunschweig (1835), ainda a lembrar na área absburga há vários politécnicos ou escolas técnicas superiores: a de Budapest (1782), a de Praga (1808), a de Graz (1815), a de Bern (1849); na Rússia, o de Moscou (1830); na Holanda, o de Delft (1842). Para a formação dos engenheiros, podiam contribuir ainda outras instituições, de Escolas Superiores municipais ou privadas a Universidade, como a Escola Industrial de Lousane (1845), a École Industrielle de Mulhouse (1861), as Universidades de Liège e de Gand, ou a Universidade de Turin, onde havia uma escola de aplicação para engenheiros (1861). Ainda para o caso da ilha britânica, havia os Colleges privados nos quais, em parte, também se fazia o ensino da engenharia. No mais, a instrução técnica superior na Grã-Bretanha se institucionaliza posteriormente, não tendo um papel decisivo na formação de engenheiros no período em estudo. Podem ser citados os King´s College, a Royal School of Mines, as Universidades de Edimburgo e de Glasgow e o Queen’s College de Belfast.
CALCAGNO, Gian Carlo. La Figura dell’Ingegnere tra Sette e Ottocento. In: Istituto Veneto di Science, Lettere ed Arti, Ingegnaria e Politica nell’Italia dell’Ottocento: Pietro Paleocapa. Venezia: Istituto Veneto di Science, Lettere ed Arti, 1990. p. 461-476; p. 467.
Foi John Smeaton, um mecânico, que utilizou pela primeira vez o termo engeneer precedido de civil, em 1761, e que fundou, em 1771, a primeira associação de engenheiros civis, a Society of Civil Engeneers, substancialmente como um tipo de dining club, voltado para a promoção da troca de experiências. Outra contribuição importante na formação da nova profissão na Inglaterra foi dada por Thomas Telford que, em 1820, presidia a Institution of Civil Engeneers e que trabalhou no sentido de ampliar o reconhecimento da nova profissão.
O papel decisivo do desenvolvimento da escola, e da primeira afirmação da engenharia civil na França, esta relacionado às figuras de Daniel Trudaine e de Jean-Rodolphe Perronet; este último havia iniciado a sua própria carreira como engenheiro militar, dedicando-se posteriormente à arquitetura e à construção civil.
COSTA, Hernani Maia. As Barreiras de São Paulo (estudo histórico das barreiras paulistas no século XIX. 1984. Dissertação (Mestrado em História)– Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1984, p. 3.
DOLHNIKOFF, Míriam. Caminhos da Conciliação – o poder provincial em São Paulo (1835-1850). 1993. Dissertação (Mestrado em História)– Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993, p. 58.
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MULLER, Daniel Pedro. Ensaio d’um quadro estatístico da província de São Paulo. Ordenado pelas leis provinciaes de 11 de Abril de 1836, e 10 de Março de 1837. Secção de obras d’O Estado de São Paulo, 1923.
PEIXOTO, Bernardo José Pinto Gavião. São Paulo (Província). Discurso que o presidente da provincia de São Paulo dirigio á Assembléa Legislativa Provincial na abertura da sua sessão ordinaria em 7 de janeiro de 1838. São Paulo: Typ. do Governo, 1838. p. 5. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2010.
AGUIAR, Raphael Tobias. São Paulo (Província) Discurso recitado pelo ex.mo presidente Raphael Tobias de Aguiar no dia 7 de janeiro de 1841 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa Provincial. São Paulo: Typografia Costa Silveira, 1841. p. 7. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010.
AGUIAR, Raphael Tobias. São Paulo (Província) Discurso recitado pelo ex.mo presidente Raphael Tobias de Aguiar no dia 7 de janeiro de 1841 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa Provincial. São Paulo: Typografia Costa Silveira, 1841. p. 19-22. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010.
MELLO E ALVIM, Miguel de Souza. São Paulo (Província). Discurso recitado pelo ex.mo presidente, Miguel de Souza Mello e Alvim, no dia 7 de janeiro de 1842 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa da Provincia de S. Paulo. São Paulo: Typ. Imparcial de Silva Sobral, 1842. p. 6. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010.
MELLO E ALVIM, Miguel de Souza. São Paulo (Província). Discurso recitado pelo ex.mo presidente, Miguel de Souza Mello e Alvim, no dia 7 de janeiro de 1842 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa da Provincia de S. Paulo. São Paulo: Typ. Imparcial de Silva Sobral, 1842. p. 6. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010.
ALMEIDA TORRES, José Carlos Pereira. São Paulo. Discurso recitado pelo ex.mo preidente [sic], José Carlos Pereira 'Almeida Torres, no dia 7 de janeiro de 1843 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa da Provincia de S. Paulo. p. 21. São Paulo: Typ. do Governo, 1843. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010.
São eles: Antonio Alexandrino dos Passos, João José Soares, Saturnino Francisco de Freitas Vill’alva, Gil Florindo de Moraes, Hygino José Xavier, Antonio Francisco Legner, Joaquim Maria Coelho, Antonio José Vaz, Firmino Antonio de Campos Penteado, Francisco Delfim de Vasconcellos Machado, Manoel José Vaz, João Baptista Borba, Candido Crispim Borba, Francisco de Assis Rodrigues, Luiz Ferreira d’ Abreu. A listagem, assim apresentada, revelava que os 5 primeiros da lista tinham um ótimo aproveitamento, que os próximos 6 tinham um aproveitamento regular, que João Baptista Borba tinha pouco aproveitamento e que os últimos 3 da lista não tinham nenhum aproveitamento. (ALMEIDA TORRES, José Carlos Pereira. São Paulo. Discurso recitado pelo ex.mo preidente [sic], José Carlos Pereira 'Almeida Torres, no dia 7 de janeiro de 1843 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa da Provincia de S. Paulo. Mapa 7. São Paulo: Typ. do Governo, 1843. Disponível em: . Acesso em: 7 abr. 2010).
Dos alunos listados no ano anterior só não constava o nome de Candido Crispim Borba, sendo os novos ingressantes: Joaquim da Silva Cruz, Joaquim Roberto da Silva Marques, Claudio Crispim Barbosa, Francisco de Assiz Carvalho, Antonio Marino dos Santos, Antonio de Triumpho e Campos, Francisco de Castro Moreira, Raphael Tobias de Oliveira e Pedro Ismandes Moreira. (SOUZA E MELLO: 1844, Mappa 10).
CAMPOS, Eudes. Arquitetura Paulistana sob o Império: aspectos da formação da cultura burguesa em São Paulo. 1997. 814 f. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997, p.70.
PEIXOTO, Bernardo José Pinto Gavião. São Paulo (Província) Discurso que o presidente da provincia de São Paulo dirigio á Assembléa Legislativa Provincial na abertura da sua sessão ordinaria em 7 de janeiro de 1838. São Paulo: Typ. do Governo, 1838. p. 14. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2010.
PEIXOTO, Bernardo José Pinto Gavião. São Paulo (Província). Discurso que o presidente da provincia de São Paulo dirigio á Assembléa Legislativa Provincial na abertura da sua sessão ordinaria em 7 de janeiro de 1838. São Paulo: Typ. do Governo, 1838. p. 14. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2010.
PEIXOTO, Bernardo José Pinto Gavião. São Paulo (Província) Discurso que o presidente da provincia de São Paulo dirigio á Assembléa Legislativa Provincial na abertura da sua sessão ordinaria em 7 de janeiro de 1838. São Paulo: Typ. do Governo, 1838. p. 16. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2010.