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Imagens de uma época
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Cruzeiro

A introdução do Cruzeiro, em 1942, foi a primeira mudança de padrão monetário no país, substituindo o Real, moeda de Portugal que também circulava em suas colônias, como o Brasil. Ou seja, os mil réis, como era chamado popularmente o plural da moeda, circularam durante todo o período colonial, o Império e a primeira República brasileira, só sendo modificado no final do Estado Novo de Getúlio Vargas. O nome escolhido para a nova moeda, que remete a um símbolo da bandeira nacional, a constelação Cruzeiro do Sul, já havia sido proposto por destacadas figuras nacionais, inclusive ainda durante o Império, como Machado de Assis:

Tem a Inglaterra a sua libra, a França o seu franco, os Estados Unidos o seu dólar, por que não teríamos nós nossa moeda batizada? Em vez de designá-la por um número, e por um número ideal — vinte mil-réis — Por que lhe não poremos um nome — cruzeiro — por exemplo? Cruzeiro não é pior que outros, e tem a vantagem de ser nome e de ser nosso. Imagino até o desenho da moeda; e de um lado a efígie imperial, do outro a constelação... Um cruzeiro, cinco cruzeiros, vinte cruzeiros. Os nossos maiores tinham os dobrões, os patacões, os cruzados, etc., tudo isto era moeda tangível; mas vinte mil-réis... Que são vinte mil-réis? Enfim, isto já me vai cheirando a neologismo. Outro ofício. (MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Bons Dias! Correio da Manhã, 30 mar. 1889).

No período de instauração do Cruzeiro, o Brasil vivia os reflexos da Segunda Guerra Mundial, sendo assolado pela falta de combustível, produtos industrializados, peças para a indústria, levando a um processo bastante grave de inflação. A criação do novo padrão monetário era uma tentativa de conter a inflação e, ao mesmo tempo, controlar a quantidade de dinheiro em circulação e seu valor. O governo também tomava outras medidas, tentando amenizar os efeitos da guerra no país, como o desenvolvimento de máquinas industriais com fabricação 100% nacional, elaboração de outros tipos de combustíveis não baseados no petróleo e o racionamento de energia e combustíveis fósseis. Para conter os problemas de inflação, foi decretado um grande feriado bancário antes da introdução do novo padrão monetário, assim puderam abastecer os bancos com as novas notas e também impedir o processo de grandes saques feitos pela população, que estava deixando os bancos sem capital.

Na cobertura do jornal O Diário da Noite, a troca do padrão monetário não foi retratada com muita comoção: são raros os artigos que tratam do assunto, sendo a maior parte do jornal dedicada a trazer as notícias do desenvolvimento da guerra pela Europa, ou notícias locais como os treinamentos para caso de bombardeio aéreo pelo Eixo, que deixavam as cidades no escuro nos famosos blackouts.
http://www.jt.com.br/editorias/2008/10/25/ger-1.94.4.20081025.21.1.xml
http://lframadon.sites.uol.com.br/estudantes2.htm
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