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Artigo publicado na edição nº 46 Fevereiro de 2011.
SENZALA E INDÚSTRIA:
as fugas de escravos da Real Fábrica de Ferro Ipanema- Sorocaba-SP (1835-1838)

Mariana Alice Pereira Schatzer Ribeiro[*1]

Esta pesquisa é um resultado de mudanças significativas na História Social, principalmente na História Social da Escravidão, a qual tem buscado estudar o escravo como seu próprio “sujeito histórico” por meio de análises das fontes documentais e de um ponto de vista realista.

A Fábrica de Ferro São João do Ipanema foi uma das primeiras fábricas estatais criadas no Brasil e a primeira siderúrgica da América Latina; sua criação visava modernizar a economia por meio da grande quantidade de ferro encontrada no morro de Araçoiaba-SP. A indústria foi criada em 1765, quando o governador da Capitania de São Paulo, Morgado Matheus, enviou ao Marquês de Pombal a primeira amostra de ferro. Ipanema era composta de fornos e oficinas que integravam um complexo produtivo, o qual servia de base para a produção de ferro, artilharia e munição. Tal empreendimento, durante anos, produziu suas próprias matérias-primas, alimentou seus operários livres e escravos com a produção das roças, que era feitas em terrenos cedidos pela administração da companhia.

Por sua vez, os conflitos políticos e sociais que marcaram a história do Brasil durante o Império foram exteriorizados numa série de acontecimentos, revelando assim uma sociedade complexa em suas configurações e interesses. O país estava sendo disputado por grupos, partidos políticos, brasileiros, portugueses e, na regência, pelos restauradores e liberais, exaltados e moderados. Além disso, as Rebeliões Regenciais (Sabinada, Cabanagem, Balaiada, Revolta dos Malês) quase dividiram o país, contribuindo para o caos político e social da nação.

Nesse sentido, a Rebelião escrava dos Malês, em 1835, na Bahia, foi extremamente importante e teve efeitos duradouros para o conjunto do Brasil na sociedade escravista[*2]. A sociedade dominante vivia sob a lembrança do “haitianismo” e insegura devido à presença de escravos africanos no país. Desse modo, a influência da Revolta dos Malês sobre os escravos de Ipanema se intensificou, bem como os meios coercitivos utilizados pelas autoridades da Fábrica, pelos governantes e pela polícia a partir de 1835, a fim de reprimir e controlar a mão de obra. Vale também destacar a importância do empreendimento, que, em 1964, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio industrial.

Não obstante, para compreender os escravos dentro de uma fábrica, seus conflitos e fugas é necessário questionar acerca da condição daqueles trabalhadores em meio à escravidão.

A análise da documentação, presente no Arquivo Público do Estado de São Paulo, mostra que a situação desses cativos era extremamente precária e exaustiva. Em 1836, Daniel Pedro Muller, que produziu um ensaio estatístico da província de São Paulo, afirmou que havia 141 escravos na fábrica, os quais se dividiam em 93 homens e 48 mulheres, sendo que os escravos qualificados profissionalmente eram:

1 mestre de fundição, 2 officiaes dictos, 3 mestres refinadores, 5 officiaes dictos, 3 encarregados dos fornos altos, 4 moldadores, 2 ferreiros, 1 pedreiro, 7 carpinteiros, 3 mestres carvoeiros, 8 officiaes dictos, 3 carreiros, 3 tropeiros, 1 çapateiro(sic), 24 tiradores de carvão, 18 lavradores. Assim também inclue 32 africanos do sexo masculino e 18 do feminino.[*3]

Nessa relação pode-se perceber que a maioria dos trabalhadores era do sexo masculino, e pelas profissões é possível saber quais eram as qualificações necessárias na Fábrica de Ferro. Os documentos afirmam que os trabalhos mais pesados eram de corte (mestres refinadores e carvoeiros) e queima de carvão (24 tiradores de carvão). As mulheres eram minoria talvez pelo fato de o trabalho necessitar de força e por não produzirem tanto quanto os homens. Havia também 8 fogos na área ocupada pela fábrica[*4]. Ademais, sabe-se que a experiência dos cativos nas fundições provavelmente era devida à experiência na África, pois praticavam a metalurgia em seu continente, trazendo para o Brasil essa habilidade que muito serviu aos colonos.

Quanto à rotina, os operários escravos residiam em taipas piladas e eram obrigados a realizar inúmeras atividades no plantel, como participar das missas e seguir os preceitos da fé cristã; sem esquecer da vigilância e opressão diária dos feitores. Nesse sentido, há um regulamento sobre as atividades dos feitores: “Art. 38: A escravatura e os gados ficarão sujeitos e a cargo de um ou mais feitores em tudo subordinados ao vice-diretor, a quem recorrerá para providências sobre o sustento, vestuário, e curativo deles.”[*5] A partir de tal informação, pode-se perceber que a sujeição dos escravos era maior com os feitores que lidavam com eles diretamente do que propriamente com o diretor. A partir das informações acima, fica evidenciada a preocupação da diretoria da Fábrica em disciplinar os escravos no trabalho, tanto para incrementar as atividades produtivas como para rechaçar qualquer revolta ou insubmissão por parte dos cativos. A fim de atingir tais objetivos, existia uma proximidade dos feitores, que deveriam permanecer em locais próximos aos alojamentos dos escravos ou até mesmo na própria senzala.

Outra informação presente na documentação afirma que:

Cabia igualmente aos feitores administrarem os mantimentos e vestuário dos cativos, providenciando alimentação regular e na hora correta do dia, devendo ainda fornecer a cada escravo vestimenta dobrada e cuidar para que os mesmos se apresentassem ao trabalho com a possível limpeza.[*6]

Outra informação aponta que era recorrente aos escravos serem acometidos por doenças, e que eram recolhidos ao hospital da Fábrica. Esses distúrbios poderiam ocorrer por doenças contagiosas ou mesmo pela excessiva carga horária de trabalho a que eram submetidos. Nesse sentido, há o relato sobre a morte da africana:

Aos dois do mês de novembro de 1835, com conseqüência da Portaria do Ilmo. Diretor desta Fábrica datada de hoje, compareceram no hospital da mesma fábrica o Almoxarifado Francisco Cândido e o capitão Antônio Ribeiro Escobar, a fim de proceder a vistoria da morte da Africana [...] com a presença do cirurgião Antônio José Chavez e o escrivão do Almoxarifado nomeado passou-se a examinar o cadáver da dita Africana, e pelo referido Cirurgião foi dito que esta faleceu como conseqüência de febre ética, que já chegou assim quando veio para esta Fábrica e não há no dito cadáver indícios de outro motivo que produziu a morte [...] Hoje pelas duas horas da tarde foi enterrado nesta Fábrica a Africana [...] que falecera no hospital da mesma no dia 1 pelas três horas da tarde.[*7]

Pode-se perceber através deste trecho que os escravos de Ipanema não estavam totalmente à deriva. No entanto, mesmo existindo um hospital no empreendimento, os medicamentos e outros objetos eram escassos devido ao grande número de escravos, africanos e operários livres.

É notória a precária situação na qual aqueles escravos viviam. Um exemplo disso era a má condição das senzalas e o grande número das que estavam arruinadas. A documentação também nos esclarece sobre a participação exaustiva dos feitores: praticamente toda a rotina de trabalho era fiscalizada, nada podia passar sem a atenção deles, principalmente no que se referia ao cotidiano da mão de obra. Por sua vez, os feitores estavam subordinados ao vice-diretor de Ipanema e cabia a eles também administrar os alimentos, o vestuário, o trabalho, a vigilância e a ordem dos cativos, obtendo, assim, um maior contato com eles. Além disso, os escravos também trabalhavam na roça, produzindo bens de subsistência, mas a quantidade de alimento e vestimenta fornecida era escassa, o que comprova situação problemática deles no plantel fabril.

Sobre a origem, etnia e qualificação dos cativos, a partir das análises das fontes constatamos que grande parte vinha do Congo e da Angola (60%), sendo os outros provenientes da Costa da África e de algumas nações como Calabar, Manjolo e Moçambique (40%). Tal fato não nos provoca surpresa, visto que a maioria dos escravos trazidos ao Brasil pelo tráfico atlântico era das regiões do Congo e da Angola. Nesse sentido, o que mais nos chamou a atenção são os escravos trazidos do Rio de Janeiro, da Fábrica de Pólvora, ou mais curiosamente os cativos “presos” do governo imperial, os quais tinham como sentença trabalhar em Ipanema.

Já sobre a qualificação da mão de obra no plantel, as mulheres, crianças e poucos homens (idosos ou inválidos) trabalhavam na roça ou em tarefas de subsistência. A grande maioria dos cativos, que era homens com idades entre 16 e 60 anos, ficava com o trabalho mais pesado e especializado: artesãos, mestres de oficina, ferreiros cuidavam dos fornos altos, consertavam as máquinas, etc. Com certeza, aquelas pessoas no regime de escravidão fizeram uma enorme diferença para a economia imperial e, além de terem produzido grande parte do arsenal de artilharia e munição da Guerra do Paraguai também produziam panelas e caçarolas.

Outros fatos que nos surpreendem estão relacionados ao cotidiano, pois em uma fonte há o relato da presença de vizinhos da fábrica, os quais de certa forma “protegiam” alguns escravos, chegando até mesmo a distribuir aguardente a eles. Infelizmente, as fontes não nos esclarecem acerca de quem eram aquelas pessoas, sua profissão ou por que protegiam os cativos, mas de certa forma demonstram que em alguns momentos eles não estavam totalmente desamparados.

Após conhecer melhor o cotidiano dos escravos operários e sua situação precária, exaustiva e disciplinadora, abordaremos as fugas, que eram uma das maiores consequências no plantel fabril. Segundo, Sidney Chalhoub: “Os negros oscilavam entre a passividade e a rebeldia, sendo que os atos de inconformismo eram a única forma de os escravos negarem sua coisificação social e afirmarem sua dignidade humana.”[*8]

Em primeiro lugar, a condição dos escravos de Ipanema era diversa, diferente da grande maioria no sistema escravista, visto que eles eram mão de obra especializada, trazidos à Fábrica criteriosamente, sendo extremamente vigiados e repreendidos. Dessa forma, cabe uma reflexão importante acerca do contexto político nacional e da Revolta dos Malês, em 1835, na Bahia: é óbvio que esse acontecimento influenciou, sim, na relação senhor-escravo e numa maior repressão da legislação e sociedade perante os cativos.

Entretanto, mais especificamente no caso da Real Fábrica de Ferro, constatamos que o grande medo das autoridades não era o de os escravos se rebelarem (a partir de meados de 1840, o medo passou a existir), mas, sim, do grande contingente de escapadas individuais. A repressão perante os cativos aumentou a partir da Revolta; no entanto, o determinante para esse fato foi o rápido e crescente número de fugas dos escravos, que eram demasiadamente importantes para a produção e para o bom desenvolvimento do plantel fabril, conforme o exemplo:

No dia cinco do corrente mês fugiram deste estabelecimento 5 escravos e 2 escravas indo à diretoria a queixa, a fim de evitar a queima das carvoeiras [...] fui informado que o forno estava antecipado e os 5 escravos que trabalharam lá fugiram [...] Ao que consta foram encontrados os fugitivos além de São Roque, seguindo para a cidade [...] as escravas Cristina e Luzia, e esta encontra-se casada com Antônio e foram para a Villa de Santos.[*9]

Ademais:

Segundo consta um escravo apreendido daqueles que fugiram do tronco; foram os outros pelo caminho de São Paulo para Santa Cruz; faz-se muito preciso vigilância sobre um escravo Antonio Manjolo que fugiu na mesma ocasião, de boa estatura, com os sinais de Nação Monjolo na cara, e tem mais umas contusões de brigas na testa e rasgada a boca por um lado. O escravo é carpinteiro antigo na Fábrica, e em máquinas; é provável que ele fosse para Santa Cruz, visto que Joanna do Espírito Santo que fugira em outra hora era a escrava para casar com o referido Antonio Manjolo; este fala alguma coisa embaraçado por ter encalhado com os queixos numa máquina; e também José Garcia, de boa estatura escravo de Santa Cruz, carpinteiro, estes escravos fazem falta nos concertos das máquinas. Manoel Teixeira fugiu a terceira vez, crioulo, muito baixinho, de 40 anos mais ou menos; e João Mariano, segunda fugida já foi preso em outra ocasião nesta cidade.
Junto remeto a Vossa Excelência dois requerimentos dos escravos que fugiram para Vsa. Exa. mandar o que for devido, será de absoluta necessidade.[*10]

Este último documento relata parcialmente a história do escravo João, de nação Monjolo, um cativo no qual as autoridades de Ipanema estavam sempre “de olho”, pois já havia fugido outras vezes; era um dos funcionários mais antigos do empreendimento. Além disso, podemos perceber como as escapadas individuais ou em pequenos grupos prejudicavam o bom andamento da produção, assim como era motivo de preocupação da direção da Fábrica, da polícia e das autoridades da Província de São Paulo.

Outro ponto a ser destacado acima é a referência ao casamento entre escravos, fato demasiadamente importante quando se analisa o cotidiano dos cativos no plantel fabril. Eles pediam autorização aos diretores de Ipanema para se casarem entre si, e quando isso ocorria faziam questão de salientar o fato de terem sido ótimos trabalhadores, pacíficos e de não terem fugido. Para os escravos, tal medida era um passo muito importante em suas vidas, porque era uma forma de sobrevivência cultural, afetiva, psicológica e emocional. Já para os senhores, num primeiro momento a iniciativa tornava os cativos mais dependentes, mas a longo prazo isso se transformaria em arma simbólica a fim de sobreviverem ao ambiente escravista. Desse modo, baseando-se em Robert Slenes e analisando as fontes, é possível responder questões como o motivo pelo qual esse fato ocorria, os modos de dominação senhorial e o porquê das redes de familiaridade e sociabilidade. Assim, Robert cita o relato de um viajante e diplomata suíço, J. J. Von Tschudi: “É muito raro haver entre os negros casamentos celebrados na igreja, mas o fazendeiro permite que os pares, que se unam segundo oportunidade ou sorte, vivam juntos, sendo que o pronunciamento do fazendeiro basta para que eles se considerem como esposo e esposa.”[*11]

Os arranjos familiares eram importantes instrumentos de sobrevivência, e a análise sobre fugas e conflitos não podia ser deixada de lado, pois de um lado existia certa mobilidade e de outro a negação da condição deles mesmos. As diversas escapadas do escravo João Mariano não aconteciam apenas por motivos de trabalho, mas sim porque João queria se casar (não conseguiu autorização), além da sua situação sub-humana e precária. Esse cativo representa os escravos que possuíam suas maneiras de sobreviver, resistir e lutar, e, quando nenhuma melhora era alcançada, só restava uma alternativa: fugir, escapar daquela condição, o que era, portanto, uma forma de negação.

Vale comentar que entre a oposição e a submissão existiu um espaço possível de negociação no dia a dia dos escravizados e de seus senhores. O escravo nunca foi totalmente passivo, pois reagia através dos meios que dispunha; a fuga era apenas uma forma de protesto. Desse modo, a visão do escravo como simples mão de obra, como pessoa “coisificada” ou como apenas meras máquinas de trabalho no ambiente fabril não pode ser utilizada com relação à Ipanema, e estão em demasiado distantes das produções da História Social nos últimos anos.

Por meio dos estudos dos documentos, não podemos esquecer também que as autoridades de Ipanema – diretor, vice-diretor da Província de São Paulo e a polícia –, a partir das fugas, se comunicavam intensamente por correspondências; logo, aproximadamente 80% dos cativos fugidos, em questão de dias ou em até três meses, eram recuperados. Por sua vez, fica explícita também a violência física, a ida ao tronco e os castigos perante os que escapavam, principalmente para servir de exemplo aos outros escravos. Todavia, pelo que pudemos avaliar, tal medida não impedia as demais fugas, pois tamanha era a aspiração de esvanecer do ambiente escravista no plantel fabril.

Será que os cativos tinham consciência de sua especialização rara no Brasil e de sua importância para o bom funcionamento da Real Fábrica? Infelizmente, não podemos saber tudo o que se passava na mente daqueles trabalhadores, mas a sua precária situação, isso eles compreendiam bem, pois era o motivo de suas fugas. Assim, conseguimos responder a nossa questão central e comprovar que os escravos de Ipanema não eram apenas meras máquinas de trabalho, mas também negociavam, reinvidicavam melhorias, possuíam suas lutas, vontades e aspirações. Os cativos da Fábrica eram semelhantes aos de engenho e fazendas apenas no que diz respeito às coerções físicas, psicológicas e emocionais. Ademais, existe um contraponto: o Império brasileiro investindo em uma indústria do tipo raro e, principalmente, fazendo investimentos em escravos e africanos especializados. A mão de obra de Ipanema era considerada extremamente preciosa e distinta das outras durante a vigência do regime de escravidão no país. Acerca de sua condição, e de acordo com os olhos das autoridades governamentais, os cativos da Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema eram bens preciosos valiosíssimos, demasiadamente importantes para o Brasil Imperial, em marcha para a incipiente tentativa de industrialização nos trópicos.

A partir dessa reflexão, não podemos deixar de nos perguntar: Até onde é preservada e valorizada a memória e o trabalho daquelas pessoas? Quão estudado e discutido pelas instituições patrimoniais e pela sociedade sorocabana é este tema?

Algumas dessas questões só podem ser respondidas com outras pesquisas, entretanto há um fato constatado e vivido: a população sorocabana pouquíssimo sabe sobre Ipanema; já acerca da mão de obra escrava na indústria, o conhecimento e divulgação são escassos. Infelizmente, mais uma vez a história dos vencidos é sufocada, mas ainda há a esperança de se poder alterar pelo menos um pouquinho esse triste quadro. Vale lembrar que no mês de agosto o empreendimento comemora 200 anos da sua criação, e até o momento só foi divulgada pela imprensa da cidade uma palestra na Poli-USP, com professores de engenharia, sobre o funcionamento da Fábrica e os operários suecos que lá trabalharam. O fato se repete, e mais uma vez o trabalho escravo em Ipanema é deixado de lado, seja pela população sorocabana, seja pela academia.

Referência Bibliografia

BADDINI, Cássia Maria. Sorocaba no Império: comércio de animais e desenvolvimento urbano. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2002.
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Graduada em História pela UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) – Campus de Assis. Possui experiência na área de História do Brasil, Brasil Imperial, História Social, História Afro-Brasileira e Escravidão. Atualmente também faz parte do NUPE- UNESP-Assis ("Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa e Extensão"). Bolsista FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Orientadora: Professora Doutora Lúcia Helena Oliveira Silva. E-mail: mariana_schatzer@yahoo.com.br.
A Revolta dos Malês na Bahia, em 1835 foi, segundo João José Reis, o divisor de águas da política nacional, impulsionando polêmicas políticas com forte conteúdo racial no país. Após o levante, o governo regencial deu prioridade ao controle dos escravos por meio da Lei de 10 de junho de 1835. Também na Bahia ocorreu a Sabinada, em 1837-1838, outra insurreição de negros mulçumanos contra o jugo escravista, com a participação de diversos setores sociais, pois os outros movimentos negavam a autoridade do poder central e os presidentes escolhidos para os governos provinciais. Por sua vez, a Cabanagem (1835-1836), no Pará, fez parte das manifestações nativistas após a Independência. A elite paraense se mobilizou para derrotar a resistência lusitana, a população vivia em penúria e as promessas de melhoria das condições sociais não foram postas em prática. Foi o único movimento em que as camadas mais baixas da população conseguiram, por certo tempo, ocupar o poder em toda a província.
MULLER, Daniel Pedro. Ensaio d´um quadro estatístico da província de S. Paulo. Typographia de Costa Silveira, 1838. Reedição Literal. Secção de Obras d´O Estado de S. Paulo, 1923. p. 240.
Os fogos eram unidades domiciliares. Esse termo fora utilizado em registros censitários do século XIX e detinha funções reprodutivas, sociais, econômicas, e em especial a de ser unidade produtiva no contexto de uma sociedade pré-industrial.
Regulamento provisório para a administração da Fábrica de Ferro S. João do Ipanema na Província de S. Paulo, na conformidade do decreto datado de hoje [26 de maio de 1834]. AESP, Fábrica de Ferro, Caixa 4, Ordem CO5512 (1849-1870).
VERGUEIRO, Nicolau Pereira de Campos. História da Fábrica de Ipanema e Defesa perante o Senado. Brasília: Senado Federal, 1979. p. 96.
Relato sobre morte de escrava. Escobar e Escrivão de Almoxarifado, 2 de novembro de 1835. AESP, Fábrica de Ferro Ipanema, ordem CO5214, Folder n. 4. (1835-1839).
CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 42.
Informe do diretor João Bloem. AESP, Fábrica de Ferro Ipanema, 5 de algum mês (ilegível) 1835, Ordem CO5214, Folder n. 4. (1835-1839).
Correspondência de João Bloem a Francisco Antônio de Souza Queiróz, Vice-Presidente da Província. AESP, Fábrica de Ferro Ipanema, 18 de junho de 1835, Ordem CO5214. (1835-1839).
SLENES, Robert. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 134.