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Artigo publicado na edição nº 49 de Agosto de 2011.

CULTURA E MEMÓRIA:

O significado da Festa do Rosário e do ser festeiro


Andrea Silva Domingues[*1]

A intenção deste artigo é apresentar algumas discussões em torno do uso da cultura, da memória e das relações sociais estabelecidas na festa de Nossa Senhora do Rosário na cidade de Silvianópolis, Minas Gerais, realizada anualmente no mês de junho.

Analisamos documentos escritos e depoimentos orais de homens e mulheres, dos diferentes segmentos, que vivenciam o festejo. Buscamos compreender a festa como uma prática de resistência da tradição que se insere no campo da cultura popular.

O campo da cultura não é homogêneo , e sim atravessado por contradições e pelos conflitos de classe na disputa pela hegemonia. A tradição é dinâmica, está sempre em transformação, porque tendemos a ressignificá-la sempre a partir de nossa inserção no presente.[*2]

Existem vários estudos sobre festas populares – em sua maioria desenvolvidos por folcloristas – nos quais a cultura popular é associada a um passado distante, cujas expressões e práticas atuais são vistas como sobrevivências fossilizadas.

Os referidos estudos são registros minuciosos, descritivos, sem a preocupação de abordar as diferentes formas por meio das quais os sujeitos sociais, hoje, experimentam a festa.

O que nos diferencia de muitos folcloristas é principalmente o fato de considerarmos os homens e mulheres envolvidos na festa como sujeitos ativos, capazes de preservá-la e/ou modificá-la conforme sua inserção no presente, isto é, seus interesses, crenças, valores. Trata-se, portanto, de considerá-los produtores de cultura.

Compreendendo as recordações dos depoentes com olhares múltiplos, expressões de diferentes tempos vividos, experimentados individual e socialmente, foi possível perceber nas narrativas orais o ir e vir da memória, possibilitando a reflexão sobre a diversidade das experiências vividas por cada um, seus pontos de semelhança, suas diferenças e também pontos de convergências e tensões.

As memórias são, portanto, experiências historicamente construídas e constantemente modificadas que fazem do passado uma dimensão importante na constituição do presente.

Portelli [*3], ao falar sobre história oral, destaca o pluralismo resultante dessa prática que trata das visões particulares da verdade, permitindo a construção do conhecimento por várias abordagens, indicando que o depoimento é dado a partir do filtro da memória de cada entrevistado e de sua subjetividade, as quais o levam a escolher o que quer relatar ou não.

A narrativa constitui um instrumento de formulação e de construção de memória social, de produção de consciências e de formulação de referências identitárias. Tecendo uma trama que articula passado e presente, os depoentes vão analisando, (re)criando e atribuindo diferentes sentidos à realidade vivida, nesse exercício de observar e ser ouvinte.

Entendemos que tradição e memória interagem, construindo silêncios e lembranças que sempre se transformam, criando identidades, e, a partir delas, homens e mulheres se constroem. Dessa maneira, compreendemos que o festejo é parte fundamental para a história da cidade de Silvianópolis, e procuramos apreender o significado da realização dessa festa ao longo do tempo, sem escamotear suas diferenças e conflitos.

Este artigo não pretende valorizar somente o passado, mas admitir que homens e mulheres passam por mudanças e que sua cultura se constrói de acordo com suas necessidades, expressando os desejos dos sujeitos que participam da festa de Nossa Senhora do Rosário.

É nessa preocupação com o futuro, com o novo, que trabalhamos com memórias, sem estagnar a festa, as experiências do passado, mas discutindo as relações que a compõem.

Pensar a festa de Nossa Senhora do Rosário na cidade de Silvianópolis é também pensá-la como “uma ruptura da vida diária, um intervalo na ordem estabelecida, vista por vários estudiosos como momento de renovação das forças desgastadas pela rotina de trabalho e respeito às regras” , e sua organização é contínua e pensada como realidade que faz parte das representações ligadas ao cotidiano. [*4]

Os reis-festeiros

Para melhor compreendermos o festejo, vamos explorar aqui as diferentes memórias dos chamados reis-festeiros. Os festeiros são as pessoas de maior evidência da festa. Devem coletar as “esmolas”, coordenar as ações para levantar fundos, como bingos e bailes durante o ano, administrar e organizar as atividades como a vinda dos ternos de congo, tratar da divulgação da festa e, principalmente, do oferecimento das refeições, ou seja, garantir o banquete àqueles que participam da festa.

Os chamados festeiros tornam-se reis e rainhas durante os dias da festividade, assumindo o papel de uma espécie de governo que tem como função realizar e organizar a festa. “Promover a celebração da tradicional ‘Festa do Rosário’ de Silvianópolis, zelando pela conservação dos mesmos costumes, estilos, tradições e cerimoniais que a caracterizam desde seus primórdios.” [*5]

Nas entrelinhas da documentação aparecem preocupações dos membros da Associação de Caridade com o cargo de festeiro, de que ele seja ocupado por pessoas ativas da Associação do Rosário, e não por outras consideradas “mal intencionadas”. Por essa razão, a Associação acaba por interferir na eleição dos festeiros, garantindo a nomeação de pessoas de sua confiança.

Até os anos 70, ocorreu uma rotatividade entre os membros da Associação e seus parentes na ocupação desses cargos, mas com o crescimento da festa, bem como de sua popularidade, iniciou-se a disputa por esse cargo entre moradores da cidade, mesmo não sendo membros ativos da Associação. Motivo este de tensão em alguns momentos entre a Associação e pretendentes a festeiros. Na década de 80 houve a pretensão, por parte de uma pessoa não selecionada, de assumir o festejo. Imediatamente a diretoria se organizou e nomeou um festeiro (que acompanhava a festa desde criança) entre os participantes da Associação, eliminando assim o outro candidato, antes mesmo da eleição do dia 13 de junho.

Na década de 70, por causa do aumento de voluntários interessados em assumir o papel de reis-festeiros de Nossa Senhora do Rosário, estratégias foram adotadas para elegê-los. Além da eleição realizada pelos componentes da Associação, foi atribuído um valor de contribuição em dinheiro a ser oferecido pelos festeiros à Associação de Caridade de Nossa Senhora do Rosário.

Nos dias atuais os festeiros não possuem uma taxa fixa, no entanto devem arrecadar todo o dinheiro necessário para a realização da festa, que no ano de 2005 variava entre setenta a oitenta mil reais, quantia necessária para oferecer a alimentação gratuita, contribuir com os ternos de congo, comprar fogos, transporte, etc. Além da quantia em espécie, o festeiro também busca patrocínio de empresários que façam doação de produtos, como flores para decorar a igreja, produtos alimentícios e qualquer prêmio que possa vender e reverter lucro ao festejo.

Mesmo estipulando valores, ainda foi necessário criar um edital para inscrição dos candidatos, no qual se determinava que:

O candidato a festeiro deverá ser residente no município, propriedade essa ou propriedades essas, já adquiridas nesta data. Foi também aprovada por unanimidade que por mudança de qualquer membro da diretoria para outro município o mesmo deixará automaticamente de fazer parte da diretoria.[*6]

Ser residente ou proprietário de terras no município torna-se outro fator de seleção para ocupar o cargo de festeiro, eliminando-se assim concorrentes de outras localidades. A escolha dos festeiros tornou-se um momento de concorrência e rivalidade, gerando conflitos dentro e fora da Associação de Caridade de Nossa Senhora do Rosário.

Para Dona Isabel, para ser festeiro é preciso ter boa vontade.

Para ser festeiro a pessoa tem que ter responsabilidade, não pode beber, nem ser amaciado, assim não ter casado. Tem que ser uma pessoa responsável. Não basta chegar lá na capela e querer pegar a festa, eles [membros da associação] não dão pra quem não tem responsabilidade, se não tiver acordo eles não dão. [*7]

Dona Isabel expressa em sua narrativa os valores esperados de quem assume o cargo de festeiro, valores que abrangem desde o comportamento do dia a dia, como ter responsabilidade, não ser alcoólatra, até a situação mais complexa, como ser casado oficialmente.

Dona Fátima, festeira do ano de 2003, fala da vontade de ser festeira pelo que significa para ela, não somente pelo prazer, mas também pela graça, pela questão religiosa, de ter oportunidade de guardar a coroa da santa.

Há muito tempo eu queria fazer uma festa desta, sempre tive muita vontade de fazer a festança do Rosário. É muito emocionante, tudo na festa é bonito, o festeiro tem responsabilidade. O momento marcante é na casa da Santa, onde levamos a coroa, acompanhadas do reisado, do cortejo, à gente no meio, os congadeiros na frente abrindo caminho e o povo atrás. A coroa fica com a gente o ano inteiro sob nossa responsabilidade em nossa casa, a gente guarda a coroa é uma graça em casa, e é a gente que vai entregar a coroa aos novos festeiros.[*8]

Na festa de Nossa Senhora do Rosário em Silvianópolis o reinado principal é dos festeiros que são cortejados e protegidos, pois levam consigo a coroa da Santa do Rosário, não nas cabeças, mas em suas mãos, como reis protetores do símbolo sagrado. Seu Cercelino também faz questão de demonstrar em sua narrativa a diferença deste rei e rainha:

Os reis da festa sempre teve aqui em Santana, nunca foi rei rainha do congado, por exemplo, se a senhora fosse festeira a senhora era a rainha da festa, os festeiros saem levando a coroa, eles carregam a coroa na bandeja, nas mãos, em Machado, por exemplo, é na cabeça, aqui é não. [*9]

Diferentemente de outros festejos, os festeiros tornam-se reis e rainhas da festa de Nossa Senhora do Rosário e são responsáveis por zelar e guardar a coroa da santa em suas residências. No entanto, não são coroados simbolicamente como em outras regiões e não representam o reinado da congada. [*10]

Os festeiros são denominados reis no festejo porque se responsabilizam pela guarda da coroa da santa e ocupam o lugar central da festa; simbolicamente, eles são as autoridades maiores do festejo.

Ao realizar a leitura de cada entrevista, e principalmente os relatos dos festeiros(as), compreende-se a importância que tem a festa para a maioria de seus participantes e como ela está presente também nas trajetórias de vida dos narradores desde a infância, vivida distante da cidade, na “roça”.

Nós morávamos na roça nas terras do meu pai, como quem toma conta hoje sou eu. Então sempre foi mais difícil, às vezes vinha na cidade. Então hoje é mais fácil, tenho casa na cidade. Naquela época tinha que vir na cidade a pé ou a cavalo, então era mais difícil, já hoje tudo é mais fácil. A gente era aquela escadinha. É uma nostalgia pra mim falar das festas, naquela época era uma euforia querer tá junto, saber que meu pai já tinha feito uma festa que foi festeiro é muito gratificante. Foi comentado que meu pai tinha feito uma boa festa e a segunda também tinha sido boa. Eu nasci nessa trajetória nesse embalo.[*11]Parece uma coisa que tá ali no sangue, você já tá ali, cada vez mais tá vindo. Então faz parte da minha vida parece que eu já nasci com esse espírito de ser caçador de festas, congadas, agora com o passar dos anos eu fui ficando mais amadurecido. Então a de 99 que a minha mãe fez eu já participei ativamente, porque a que ela fez em 78 eu era um mulecote, tinha nove anos. Então não tinha noção de ajudar. Então a de 99 que a minha mãe fez eu já era mais amadurecido. E com o passar dos anos, fui pegando gosto, de querer um dia fazer festa. [*12]

Vinculado a uma prática familiar experimentada desde criança, na qual seu pai e sua mãe assumiram a festa por várias vezes, Edivaldo foi adquirindo o gosto de um dia querer fazer a festa.

É, eu esperei vinte anos, vinte anos que eu tenho essa ilusão, vamos pensar assim, era uma ilusão, eu não pensava que ia conseguir, pois tinha gente mais famosa interessada. A gente tem aquela ilusão de um dia alguém falar ele é o melhor, ele fez a melhor festa. Não, eu não quero fama. É uma coisa que vem da minha infância, de querer fazer a festa como meu pai e minha mãe fazia. [*13]

Edivaldo expressa a opinião de que pode haver a possibilidade de um favorecimento às pessoas mais ricas em serem festeiras.

O significado de ser festeiro para Edivaldo ultrapassa as fronteiras de buscar visibilidade entre os moradores da cidade. Em sua narrativa, faz questão de se diferenciar de outros festeiros dizendo que o que importa é a tradição vivida em família e não a fama.

Dona Valquíria, em suas lembranças, também faz referência à trajetória familiar:

Pra você ver o meu sogro, meu sogro tinha tanta paixão por essa Festa, a gente se espelha muito nele sabe! Então ele chegava, e ele faz aniversário em outubro né! A gente dava presente no aniversário, dava de natal, dia dos país, ele não usava nada! Cadê o chapéu que nós demos? “Ah vou guarda pra Festa do Rosário”... e a minha sogra também tudo era para festa do Rosário! Então essa Festa é muito é importante pra nós, uma Festa de amor mesmo, que meu marido viveu desde criança e se dedica muito a Nossa Senhora.[*14]

O depoimento de Valquíria traz a imagem de familiares lembrados pela dedicação ao festejo. E mesmo não vivenciando a experiência desde criança, Dona Valquíria, ao se casar, passou a fazer parte da festa de Nossa Senhora do Rosário com seu esposo, de família tradicional da cidade, sempre ligado às práticas do festejo, na infância ou mesmo na fase adulta. O sentimento de ser festeira, para Valquíria, é uma mistura de fé, trabalho e lazer.

Como já apresentamos, a organização do festejo envolve estratégias diversas que trazem consigo alegrias e descontentamentos, pois assumir a responsabilidade de organizar a festa pode significar, por um lado, poder, status, mas por outro significa muito trabalho.

A associação só escolhe os festeiros, depois quem se vira é os festeiros. Tira-se esmola, se não tirar é obrigado a fazer a festa e entregar a coroa. Uma festa boa é os festeiros alegre, satisfeito, tratar de todo mundo, alegre e satisfeito. Ocê não pode fazer cara feia pra ninguém. [*15]A Associação é falhíssima, falha totalmente! Isso eu falo, falo pra ela, falo pra qualquer um, falha totalmente! Porque eu acho que eles deviam dar uma retaguarda o ano inteiro, eles têm o ano inteiro.[*16]

Tanto dona Isabel como dona Valquíria, ex-festeiras, afirmam que ocupar o cargo central é sinal de muita labuta, e o sentimento de falta de ajuda dos membros da Associação é comum entre as lembranças, evidenciando certo nível de tensão.

Assumir a festa exige muito tempo e dedicação, que envolve em diversas atividades seus amigos e familiares, como por exemplo, arrecadar as chamadas esmolas na área rural e urbana, organizar e realizar os bingos e os bailes.

Começa a tirar as esmolas desde janeiro; então você vai pras roças e todo lugar. Mas esse ano a chuva nos atrapalhou, porque choveu muito, deu uma atrasada nas esmolas né! Essa é à parte que eu gosto, que eu adoro, ir às fazendas, conversar com o povo, pedir as doações, povo que é muito bom.[*17] Pra fazer a festa tem que ir tirando esmola né... Então você tem que estar em todos os lugares. Para convidar todo mundo e divulgar um pouco a festa. Porque o tempo que você tá trabalhando, você tá divulgando a festa também. Tem que ter um planejamento, tá fazendo uma coisa e no mesmo tempo, outra. O festeiro geralmente não determina o que pede. O festeiro não exige geralmente. Um dá dez reais, outro uma saca de arroz, uma leitoa, outro um pacote de açúcar. Eu chego e peço uma ajuda pra festa de Nossa Senhora do Rosário, aí você dá o que pode.[*18]O trabalho é muito pesado, mas é muito gratificante sim. Mas que não é fácil, não é! A gente enfrenta muito barro, muita chuva, passa fome; porque você sai cedo, então levava dois lanche pra cada um. Então ficava o dia inteirinho com fome, sabe? Voltava só à noite, toda lambuzada.[*19]

Valquíria, Zélia e Edivaldo, em suas narrativas, dizem que o coletar das esmolas é o momento de mobilizar a população para a festa, de criar o clima de que o festejo é importante. Na coleta de esmolas, os festeiros e seus colaboradores têm contato com um grande número de pessoas, o que é uma tradição, mantida em muitas festas religiosas, apesar de em algumas delas a atividade de tirar esmolas seja apenas simbólica, pois o dinheiro vem de outro lugar.

Os festeiros, ao rememorarem suas experiências para a realização da festa, valorizam suas ações e fazem questão de destacar que o trabalho é realizado de forma intensa e que saem da rotina cotidiana, por passarem a maior parte do tempo de suas vidas arrecadando donativos para a festa.

Como foi possível perceber, a função de festeiro(a) é uma atividade desenvolvida praticamente o ano todo, pois ao assumir o cargo no mês de junho, ele(a) já deve se organizar, ou planejar, como nos conta Edivaldo, “tem que ter um planejamento, tá fazendo uma coisa e no mesmo tempo, outra”, pois é por meio das esmolas que é possível a realização da festa, no entanto, não o suficiente, devendo os festeiros realizarem diferentes atividades para arrecadarem fundos, verbas para a efetivação do festejo:

Aqui o povo é bom, se você pedir um bezerro, uma vaca, um bezerro pra um fazendeiro. Durante o ano, faz uma rifa, um leilão, um bingo, faz alguma coisa; aqui é uma cidade carente de diversão. Queira ou não queira é uma festa grande que tá repercutindo em todo lugar.[*20]

Estratégias como a realização de um bingo, um leilão ou até mesmo um baile são possíveis para arrecadação de fundos durante o ano.

A festa oferece à cidade não só oportunidade de lazer, possibilitando a criação de espaços diversos de sociabilidade e congraçamento, mas também um momento ímpar de visibilidade pública na região. A festa é, sem dúvida, um momento importante de suspensão e ou atenuação temporária de tensões e disputas que envolvem o viver urbano.

Algumas considerações

Inserida numa tendência historiográfica que busca compreender e analisar as práticas culturais como modos de vida e de luta, buscamos escrever este artigo sobre o festejo de Nossa Senhora do Rosário pensando a festa como a tradição que se constitui na experiência social, instituindo um campo de memória atravessado pelos conflitos de classe.

Compreendemos que através das memórias é possível chegar a outras histórias, principalmente aquelas que estão no campo de resistência, e é necessário buscar entender a cultura como “expressão de todas as dimensões da vida, incluindo valores, sentimentos, emoções, hábitos e costumes, associada a diferentes tipos de realidade.”[*21]

É por meio de um olhar político[*22] sobre o presente, e do presente sobre o passado que buscamos observar as práticas culturais vivenciadas na festa. Isso implica colocar-se diante do presente com autonomia e crítica, com compromisso social e político, e fazer da história uma autobiografia, uma avaliação constante do próprio percurso e o reconhecimento da responsabilidade histórica de cada um. [*23]

Desta maneira, para entender os significados do festejo, foi necessário navegar na memória individual e social, buscando as múltiplas linguagens por meio das quais os diferentes participantes da festa se expressavam.

A festa se constitui em uma tradição, que envolve maneiras de saber e fazer, que se concretiza no dia do festejo por meio de muito trabalho, fé e lazer peculiares, que atrai e encanta através de seu ritual.

Referências Bibliográficas

AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de M. (Org.). Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996.
FENELON, Déa Ribeiro; CRUZ, Heloisa Faria, PEIXOTO; Maria do Rosário da Cunha.Muitas Memórias Outras Histórias. São Paulo: Olho d’ Água, 2004.
PORTELLI, Alessandro. Tentando aprender um pouquinho. Algumas reflexões sobre a ética na História Oral. Revista Projeto História, São Paulo: EDUC, n. 10, 1997.
SARLO, Beatriz. Paisagens Imaginárias. São Paulo: EDUSP, 1997.
SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil escravista: História da Festa de coroação de rei congo. Belo Horizonte: Humanitas, 2002.
WILLIAMS, Raymond. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
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Profª. Dra. do Curso de História e do Mestrado em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí. E-mail: andrea.domingues@gmail.com.
Ver: WILLIAMS, Raymond. Marxismo e literatura.Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
PORTELLI, Alessandro. Tentando aprender um pouquinho. Algumas reflexões sobre a ética na História Oral. Revista Projeto História. >São Paulo: EDUC, n. 10, p. 23-32, 1997.
SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil escravistas. História da Festa de coroação de rei congo. Belo Horizonte: Humanitas, 2002. p. 59.
Estatuto da Associação de Caridade Nossa Senhora do Rosário, 02/05/1965, p. 32.
Ata de 09/06/1975.
Isabel M. Domingues, entrevista realizada em 2004.
Fátima, entrevista realizada em 2004.
Cercelino Alves, entrevista realizada em 2003.
Muitos ternos de congo possuem seus reis e rainhas que simbolizam a inversão de poder, em que os negros tornam-se reis e rainhas, ou representam as lutas africanas entre os reinados.
Edivaldo Andrade Domingues, entrevista realizada em 2004.
Edivaldo Andrade Domingues, entrevista realizada em 2004.
Edivaldo Andrade Domingues, entrevista realizada em 2004.
Valquíria E. Corrêa, entrevista realizada em 2005.
Isabel M. Domingues, entrevista realizada em 2004.
Valquíria E. Corrêa, entrevista realizada em 2005.
Valquíria E. Corrêa, entrevista realizada em 2005.
Edivaldo Andrade Domingues, entrevista realizada em 2004.
Zélia Corrêa, entrevista realizada em 2005.
Idem.
FENELON, Déa Ribeiro. CRUZ, Heloisa Faria, PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha. Muitas Memórias Outras Histórias. São Paulo: Olho d’ Água, 2004. p. 9.
SARLO, Beatriz.Paisagens Imaginárias. São Paulo: EDUSP, 1997. p. 55-63.
Extraído do texto apresentado na mesa-redonda "Memória, Tempo e História: perspectivas teóricas e metodológicas para a pesquisa em ensino de História", realizada no VII Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino de História, em Belo Horizonte, na Faculdade de Educação da UFMG, em fevereiro de 2004, por Déa Ribeiro FENELON.